Em fóruns
internacionais, o presidente diz que a Amazônia não é propícia a expansão de
cana. Dados mostram que, até 2012, cidade do Acre deve aumentar quase dez vezes
a área plantada -chegando ao equivalente a 30% de SP.
A menos de dois
meses do prazo previsto para o Ministério da Agricultura concluir proposta de
zoneamento agrícola que bloquearia o avanço da cana-de-açúcar na Amazônia,
documento oficial aponta crescimento da cultura dentro do bioma amazônico, nos
Estados do Acre, de Roraima e do Pará. Até 2012, um único município do Acre deve
multiplicar quase dez vezes a área plantada, alcançando o equivalente a 30% da
cidade de São Paulo, aponta documento produzido pela Embrapa (Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária), vinculado ao Ministério da Agricultura, e cujos
estudos têm pesado nas análises do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
sobre a Amazônia.
O documento a
que a Folha teve acesso desautoriza declarações de Lula em fóruns
internacionais. O presidente insiste que a Amazônia não é propícia ao cultivo da
cana e que as áreas plantadas estão "muito distantes" da floresta. O documento é
um subsídio ao PAS (Plano Amazônia Sustentável).
Segundo a
Embrapa, projeto que conta com financiamento do governo do Acre -comandado
pelo PT-, já teria plantado 45 quilômetros cuadrados de cana no município
de Capixaba, a apenas 60 km de Rio Branco.
Em Roraima,
dois empreendimentos implantados no ano passado planejam ocupar 90 quilômetros
quadrados com a cultura até 2009. O destino da produção, anota documento da
Embrapa, seriam os mercados da Amazônia e da Venezuela, que
introduziria o álcool como aditivo à gasolina.
Ao deixar o
governo, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva voltou a defender
que as culturas de cana se mantivessem distantes da Amazônia, como forma
de viabilizar o selo ambiental ao alcohol brasileiro. Marina descartava
até o uso de áreas já desmatadas e preferia acreditar que as culturas existentes
eram "projetos senis".
Dados da
Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), registraram o aumento em 9,6%
na última safra de cana na Amazônia Legal - de 17,6 milhões de toneladas
para 19,3 milhões de toneladas-, com crescimento da área plantada em Mato
Grosso, Tocantins e Amazonas. (Marta Salomon)
Folha de S.Paulo
9 de junho de
2008
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