Abandono: é
assim a situação do assentamento Santa Clara, localizado a 70Km entre os
municípios de Canto do Buriti e Eliseu Martins, região Sul do Piauí. Em
2004, o Governo do Estado inaugurou um núcleo de produção de mamona na
região e assinou um acordo com a empresa Brasil Ecodiesel Participações LTDA
para produção do vegetal como matriz energética, tendo a organização familiar
como pressuposto da inclusão social no projeto.
Na semana
passada houve uma manifestação dos moradores do local contra a atuação da
empresa Brasil Ecodiesel. Segundo o secretário de formação e organização
sindical da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Piauí (FETAG),
Adonias Higino Cunha, a população do local está revoltada com a situação
de abandono. Adonias falou que grande parte das 600 famílias que residiam
no local estão desistindo e indo embora, pois o descontentamento é grande.
O secretário
denunciou que, quando teve início o projeto, o assentamento contava com 25
tratores e hoje só possui 3. Há suspeita de que esses três são também alugados
para carvoarias da região, "servindo para que a empresa Brasil Ecodiesel
arrecade dinheiro por fora".
Adonias relatou
também a situação dos ônibus que levam os estudantes da região às escolas.
Segundo ele, os veículos estão depredados, causando riscos para quem os utiliza.
Adonias
ressaltou ainda que os R$ 250 adiantados para os agricultores (que servem como
garantia para compra da safra), são insuficientes para a subsistência dos
trabalhadores. O secretário denunciou ainda que a área disponibilizada para o
plantio também vem sendo diminuída: no início, eram 5 hectares e hoje são
somente 2. Para Adonias Higino, essas situações acabam gerando o
descontetamento da população.
O secretário de
formação e organização sindical da FETAG disse que desde o início, a
Federação verificou a necessidade de projetos paralelos que gerassem renda à
população. Segundo ele,
o plantio da mamona e do feijão não são suficientes para garantir o sustento dos
agricultores.
Adonias informou que foi construído um núcleo criatório de galinhas, mas
a Brasil Ecodiesel "abandonou". "Há
um contraste entre o que a empresa representa e o que ela realmente pratica",
lamentou o secretário.
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