Os alimentos orgânicos têm participação garantida na terceira edição da Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária, que acontece nesta quarta-feira (21) e vai até domingo (25), no Pavilhão ExpoBrasília do Parque da Cidade, na capital federal.

Mais de 20% dos 520 inscritos no evento, promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), apresentarão produtos orgânicos dos mais variados tipos, entre eles grãos, polpa de frutas, licores, doces, chás, farinhas e castanhas.

O objetivo final da produção orgânica é o equilíbrio sustentável do meio ambiente. Nela, estão proibidos os agrotóxicos, adubos químicos e sementes transgênicas. Os animais são criados sem uso de hormônios de crescimento, anabolizantes ou outras drogas como os antibióticos. A grande vantagem disso, além da produção de alimentos mais saudáveis e naturais, é a preservação do solo, que fica mais fértil e livre da toxicidade de agrotóxicos.

Além de conservar o solo, o cultivo de alimentos orgânicos garante a sobrevivência do trabalhador rural e de sua família, fortalecendo o vínculo do homem com a terra. É o caso da produtora de doces e geléias Dirce Maria de Andrade Biojone, 47 anos, que participará pela terceira vez da Feira. Há dois anos no mercado de doces orgânicos em Passos (MG), ela conta que para produzir suas iguarias adotou no próprio pomar o manejo agroecológico. A produtora procura plantar frutas da região que são mais resistentes a pragas, como mamão, goiaba, jabuticaba, pitanga e acerola.

Freqüentemente, Dirce também adquire frutas orgânicas da Comunidade das Águas, no mesmo município. E orgulha-se em ajudar na geração de mais empregos na roça. Ela destaca a importância da produção de orgânicos e da oportunidade de participar da Feira. “Os produtos orgânicos são importantes porque não agridem o meio ambiente, são feitos de forma artesanal e garantem alimentos mais saudáveis na nossa mesa. Participar da Feira é uma boa oportunidade para os pequenos produtores como eu, não só por causa das vendas, mas pela divulgação que podemos fazer através da degustação”, ressalta.

Alternativas aos inseticidas

No sul do País, Leonardo Oswald, 24 anos, produz feijão e batatas orgânicos. Ele faz parte das 1,6 mil famílias que integram a Cooperativa Mista de Pequenos Produtores da Região Sul (COOPAR), no município de São Lourenço do Sul (RS), e que produzem de maneira agroecológica no estado. Para combater as pragas, Oswald usa óleos vegetais e chá de ervas em vez de inseticidas. A urina dos bovinos faz as vezes de repelente de insetos.

Oswald afirma que, apesar das produções agroecológicas exigirem mais cuidados dos produtores, o lucro compensa o esforço. “A vantagem dos orgânicos para os produtores é que esses alimentos chegam a ter preços 30% mais altos, em média, por causa dos benefícios que trazem à saúde”, conta ele. O produtor, que participará pela primeira vez da Feira, também destaca outro incentivo para se produzir orgânicos: a conservação do meio ambiente. “Tenho consciência de que é preciso conservar o meio ambiente porque precisamos dos recursos que a natureza nos dá para continuar nossa produção”.

Programas de incentivo

Para incentivar o crescimento da agricultura ecológica no Brasil, MDA apóia a produção orgânica de agricultores familiares com uma linha de financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) específica para o setor, a Agroecologia. Além disso, o Programa Nacional de Agroecologia é desenvolvido pelo Ministério.

O objetivo é fortalecer as iniciativas em prol da agricultura familiar, criando condições de estímulo à transição da produção tradicional para modelos sustentáveis. A implementação de políticas, programas e projetos da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF) do MDA ocorre em parceria com os ministérios do Meio Ambiente, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Ciência e Tecnologia.

Outras atrações

Para os visitantes interessados em apreciar as comidas de várias regiões do País e produzidas por agricultores familiares, a Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária de 2006 contará com uma praça de alimentação com restaurantes típicos regionais.

Do Mato Grosso, os visitantes da feira poderão provar pratos à base de peixe. O estado de Minas Gerais estará representando por lanches típicos como os tradicionais pão de queijo e doces caseiros. Já Alagoas trará os alimentos da cozinha nordestina, com destaque para a tapioca.

Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)

21 de junio de 2006

Fotografías: Archivo Rel-UITA