ANIVERSÁRIO DO ROUNDUP ®

Parabéns pra você, nesta data querida...!

 

O Roundup está fazendo 30 anos do uso na agricultura, mas antes de festejar é bom saber que nasceu muito antes disso, e bem longe das lavouras.

 

O fosfonil metil glicina: COOH-CH2-NH-CH2-PO3H2, que se deve formular como isopropenol, álcool isopropílico ou isopropilamina, é quem verdadeiramente faz aniversário, e uma análise do DNA do Roundup permitiria descobrir a sua origem, mas ele não aceita que se lhe tire uma amostra de tecido celular para sua análise. Na verdade, o Roundup é filho bastardo de um contrato assinado por empresas alemãs com o Exército dos Estados Unidos para investigar e produzir uma arma química binária com atividade biológica. Os filhos da guerra não têm direito à paternidade.

 

Desde a guerra do Vietnã e depois de Sadam Hussein, qualquer um acredita que sabe o que é uma arma química, mas que diabos é realmente uma arma binária?

 

Depois que Fritz Haber desenvolveu os gases tóxicos como arma química e se aplicaram com “êxito” na Primeira Guerra Mundial, se percebeu que durante seu transporte, armazenamento e utilização se corriam sérios riscos de sofrer um ataque inimigo, e nesse caso podia causar graves danos nas próprias fileiras.

 

Quando chegou a Segunda Guerra Mundial os nazistas começaram a desenvolver as armas binárias, isto é, compostas por dois elementos que por separado seriam inócuos, mas juntos se voltariam letais. Alguns cientistas alemães desenvolveram muitas pesquisas sobre armas binárias nos campos de extermínio.

 

Depois da Segunda Guerra se assinaram numerosos contratos entre empresas alemãs e os exércitos aliados para desenvolver armas binárias, com a finalidade de “atender” o cenário de guerra europeu (Big Eye). Como geralmente ocorre, alguns desses projetos foram pirateados por empresas de pouca tradição no ramo químico, mas muito mais importantes no bélico.

 

Segundo dados oficiais divulgados pelo Partido Comunista da então República Democrática Alemã, um dos mais importantes binários foi sintetizado por Bayer atuando sob contrato do Exército dos Estados Unidos; esta arma recebeu o nome de VX2. Sua fórmula é uma variante do Sarin Binário (Fosfonil metil Di-Fluor e Isopropenol como iniciador).

 

Esta reação química foi utilizada pela seita “Verdade Suprema” no metrô de Tóquio, causando centenas de vítimas diretas, enquanto que 12 mil pessoas terão que permanecer sob controle epidemiológico e com acompanhamento médico durante dez anos.

 

O VX2 proporcionou um máximo de ação biológica não detectável, enquanto que o simples VX é um poderoso inibidor da colinesterasa. O Roundup não está considerado inibidor da colinesterasa, mas é tão eficaz impedindo as sinapses entre as células nervosas que chega a queimar os neurônios, o que obriga os médicos toxicólogos a praticar a ‘atropinização’, um procedimento pouco conhecido fora dos Estados Unidos. Na Califórnia mais do 38% de todas as intoxicações de agricultores (braçais mexicanos) são provocadas pelo Roundup, difíceis de tratar neurologicamente é impossível de curar.

 

O presente de aniversário que recebe o Roundup esta vez é seu reconhecimento como “diruptivo endócrino”, ou dito de outro jeito, é capaz de provocar alterações hormonais nos seres vivos. Se você nunca escutou falar disto, então entre na internet e procure "endocrine disruption".

 

Antes da Ronda Uruguai esse reconhecimento era a pior ameaça que podia receber um agrotóxico, mas agora este conceito não impede seu registro legal e a sua utilização massiva.

 

O Roundup é acusado por agricultores brasileiros de provocar maiores ataques de CVC, amarelinho ou Xilella, através do bloqueio de micro-nutrientes e de elementos importantes para a formação da imunidade e para impedir a ação das fototoxinas da bactéria.

 

Além desta preocupação com as doenças nas plantas, seu uso também tem um impacto sanitário já que elimina alimentos básicos para os ratos de campo obrigando-os a emigrar para as zonas mais urbanizadas, para ambientes humanos.

 

Os casos de Hantavirose, Mal de Junín, Sabiá e outras viroses na América Latina estão sendo ocultados pelos cúmplices burocrático-acadêmicos da empresa, que impedem qualquer questionamento.

 

É o aniversario do principal impulsor dos transgênicos no mundo. Neste momento 76% dos transgênicos são resistentes ao herbicida, e graças a subsídios ocultos a soja transgênica ocupou a Argentina e, de contrabando, se expandiu para o Brasil onde com dinheiro público (BNDES) se construiu uma fábrica do produto.

 

Dez anos depois a empresa quer cobrar royalties dos agricultores argentinos pelo uso de sementes “saco branco”, e para isso convocam às autoridades da agricultura do MERCOSUL, Chile e Bolívia, para que cumpram com as determinações multilaterais da OMC. E isto também merece presentinhos, cantinhos e carinhos... 

 

 

Sebastião Pinheiro

© Rel-UITA

10 de maio de 2005

 

 

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