Em 20 de Dezembro de 2006, a Assembléia Geral das
Nações Unidas declarou 2011 como o Ano Internacional
das Florestas. Em nossa região, a forma de
comemorá-lo é derrubando árvores e com a irrupção
descontrolada da mineração.
Na
América Latina foi desmatada, em 30 anos, uma
superfície semelhante à da Colômbia. Entre
1980 e 2010, o continente de 992 milhões de hectares
de florestas passou a ter apenas 884 milhões.
A Colômbia ainda é um país "verde" cujas
florestas cobrem 53,5 por cento do seu território
continental, mas a sua destruição avança
vertiginosamente.
Um estudo realizado pelo Instituto Amazônico de
Pesquisas Científicas destaca que, entre 2002 e
2007, o desmatamento da Amazônia colombiana aumentou
de 35.700 quilômetros quadrados para 41.790
quilômetros quadrados (cerca de 5,7 milhões de
campos de futebol).
No Fórum de Urabá,
ocorrido na sexta-feira passada, dia 3 de junho,
cuja convocação foi feita pela Rel-UITA, o ministro
da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Juan
Camilo Restrepo Salazar, disse que o
desmatamento anual na Colômbia atinge cerca
de 350 mil hectares.
Outro fato divulgado pelo ministro ressalta que
"somente na região de Urabá existem títulos de
mineração concedidos para 1,9 milhões de hectares,
dos 2,4 milhões que a referida região tem".
Além da pecuária e do avanço das monoculturas de
cana-de-açúcar e de dendê para a produção de
agrocombustíveis, a mineração exercerá uma brutal e
decisiva pressão sobre a sustentabilidade das
florestas naturais.
A mineração na Colômbia recebe atualmente
mais de 30 por cento do investimento direto
estrangeiro. Tem cargas tributárias mínimas e que
seriam ainda menores no futuro; a regulamentação
ambiental é deficiente, as condições de trabalho são
muito precárias e a sindicalização no país, no setor
privado, não supera os 5 por cento. Um cenário muito
atrativo para as transnacionais.
O desmatamento e a mineração estão provocando
gravíssimos impactos ambientais e sociais na
Colômbia. As duas atividades se desenvolvem em
uma matriz de corrupção e severas falhas de controle
estatal.
Dados recentes revelam que o corte ilegal de madeira
na Colômbia chegou a 42 por cento da produção
total de madeira. O setor de mineração, por sua vez,
faz das suas também e para todos os gostos: hoje se
sabe que no Instituto Colombiano de Geologia e
Mineração (Ingeominas) - que se autodefine
como uma Administração eficiente e responsável dos
recursos de mineração colombiana - "havia uma rede
dedicada ao tráfico de títulos de mineração no país,
com atribuições de direitos de exploração em zonas
proibidas e até mesmo em solo venezuelano. " El
Tiempo, 5│05│11)
Como documentado pela
Revista Poder, cartazes como este abundam nas
estradas: "Vendo título de mineração em Boyacá 1.500
hectares..."
Segundo o jornal El Espectador, em sua edição
digital de 2 de junho, "em apenas oito anos, o
número de títulos concedidos se multiplicou por 33,
mas os controles não foram multiplicados por 33. É
possível aceitar, sendo generoso, que este
crescimento - passou de 187 títulos concedidos no
governo Gaviria, de 172 no governo Samper
e de 221 no governo Pastrana, para 7.397 no
governo de Uribe – obedece à chamada
confiança dos investidores e ao importante aumento
dos preços mundiais dos hidrocarbonetos. O que não
pode ser perdoado é o vale-tudo que foi permitido”,
enfatiza o jornal.
As florestas são os ecossistemas que
mais produzem água e na Colômbia estão sendo
destruídas. "A exploração de megamineração do ouro
na parte alta das montanhas exige mil litros de água
por segundo para se obter um grama de ouro. Isso
significa que um dia de exploração requer a mesma
quantidade de água que uma cidade de 600 mil
habitantes.* Não é difícil antecipar, então, que a
sede castigará a Colômbia em um futuro não
muito distante.
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