Má notícia: apesar da moratória da soja,
acertada entre ambientalistas e o setor agrícola
em 2006, novas áreas de floresta no bioma
Amazônia foram abertas e semeadas com a
oleaginosa nos últimos dois anos.
Segundo dados divulgados ontem pela Associação
Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove),
dez fazendas com novas áreas de soja foram
identificadas por satélite, na última safra,
totalizando cerca de 1.385 hectares de área
plantada. Oito delas estão localizadas no Mato
Grosso; duas, no Pará.
Olhando-se por outro ângulo, a boa notícia é que
as áreas abertas são bastante pequenas perto do
"potencial de destruição" da floresta nos dois
Estados amazônicos. Para alguns, isso já sugere
efeitos do cerco da moratória.
Em vigor desde 2006, a moratória representa o
compromisso da indústria da soja de não adquirir
grãos de áreas desmatadas no bioma Amazônia a
partir de julho de 2006. Gigantes do setor são
signatários - ADM, Cargill,
Bunge e Amaggi entre eles.
Em Brasília, a Abiove e a Associação
Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec)
afirmaram que não adquirirão produção de áreas
desmatadas. "A comercialização será feita
considerando o levantamento de propriedades que
plantaram em novas áreas desmatadas e qualquer
compra estará condicionada a consulta da mesma.
Para os pré-financiados que desrespeitaram a
moratória, a produção proporcional à área
desmatada será recusada, e o acesso a crédito na
safra 2009/10 será restringido".
Todos os olhos estarão voltados a partir de
agora para o cumprimento do pacto. "Eles [a
indústria] conhecem os produtores e disseram que
terão uma auditoria independente", afirmou
Paulo Adário, do Greenpeace, para garantir
que nenhuma saca de soja seja comprada de
produtores que desmataram a floresta.
Alguns desafios, porém, ainda colocam em xeque a
continuidade e o sucesso da moratória. Um deles
é a morosidade no georreferenciamento das
propriedades rurais. Sem saber os limites das
fazendas, torna-se difícil saber quem está
fazendo o quê e onde.
Para o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc,
isso não parece ter lá tanta pressa. Ele
mostrou satisfação com os resultados, mas não
deu prazos para algumas promessas antigas, como
o recadastramento de propriedades rurais do
bioma Amazônia.
O monitoramento contemplou 630 polígonos, em 46
municípios e 157.896 hectares.
Amazonia.org
16 de abril de 2009