Quinze trabalhadores rurais, residentes em Morro Agudos-SP e
que atuam no corte de cana na usina Santa Fany em Regente
Feijó, dizem estar sofrendo inúmeros problemas. A reportagem
averiguou que os funcionários enfrentam diversas
dificuldades como falta de água e energia. Reclamam também
das péssimas condições de higiene nos alojamentos onde estão
hospedados. Segundo Anísio Costa, 41, um dos
trabalhadores, a situação é precária na moradia porque o
fornecimento de água e energia foi cortado por falta de
pagamento, que de acordo com ele, seria de responsabilidade
da usina. Informa ainda que a pouca comida está estragando
por causa da suspensão. Assim eles não têm condições de
armazenar os alimentos.
"Eles [funcionários da usina] fizeram várias promessas, mas
não cumpriram nenhuma delas.
Na casa onde moramos somos obrigados a conviver com ratos e
com a má conservação, que não oferece condições nem de
cozinhar", denuncia Costa.
De acordo com ele dos 27 trabalhadores iniciais 12 já
voltaram para o município de Morro Agudos no segundo dia de
trabalho porque não aceitaram a situação que encontraram na
casa e no ambiente de trabalho. "Já tem 12 dias que estamos
passando por essa situação porque temos uma família para
sustentar, mas agora não tem mais condições de viver aqui.
Queremos receber nossos direitos e voltar para casa",
reivindica.
Ainda segundo ele os trabalhadores não têm nem condução
adequada para se deslocarem até o trabalho. A solução é
pegar carona com uma outra turma para não ficar sem
trabalhar.
Ele ainda comenta que uma das promessas feita pelo senhor
Antunir Machado, mais conhecido como "Gato", que seria a
pessoa responsável pela contratação dos funcionários, era
que todos receberiam cestas básicas, mas a promessa não foi
cumprida.
"O Gato abriu uma conta no mercado e fez uma compra, mas
agora estão cobrando da gente.
Tudo o que gastou no estabelecimento. Nenhuma pessoa merece
um tratamento igual a esse. É desumano", lamenta o
trabalhador, lembrando que nos dias de chuva o interior da
casa molha porque existem inúmeros vazamentos.
Sindicato
encaminha acusações às autoridades
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais recebeu o relato dos
cortadores.
O presidente da entidade, Rubens Germano, foi até o
local verificar a situação dos funcionários. Ele contou que
já encaminhou a denúncia, através de documentos, ao MPT (Ministério
Público do Trabalho) e ao MTE (Ministério do Trabalho e
Emprego), com objetivo de solucionar o problema.
"Mais uma vez os trabalhadores estão sofrendo e os
sindicatos, com sede na cidade, não denunciam", comentou
Germano, lembrando que a Santa Fany é "a pior usina do
Estado de São Paulo".
Citou que a empresa nunca cumpre as determinações dos órgãos
competentes. "Mesmo assim [a usina] continua funcionando sem
ser prejudicada. Ainda mais agora, quando muitos órgãos
estão em recesso e a fiscalização é reduzida", finalizou.
Outro lado
A reportagem tentou, por telefone, entrar em contato
diversas vezes com a usina ontem à tarde, mas não obteve
êxito. As ligações não foram atendidas.
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