Brasil
O
presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva recebeu hoje no
Planalto representantes do Conselho Deliberativo da
Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (CONTAG),
que foram entregar as reivindicações do movimento "Grito da
Terra 2007".
O Grito da Terra é a manifestação anual feita por
trabalhadores rurais do Brasil inteiro para tentar
cobrar ações do governo para os problemas dos pequenos
agricultores. Para saber mais sobre essa reunião, o UOL News
ouviu Alberto Broch, vice-presidente da CONTAG.
Na entrevista a seguir, Broch conta quais as
principais reivindicações dos trabalhadores da agricultura.
-Como foi a reunião dos representantes da Contag com o
presidente Lula?
-Foi uma reunião muito objetiva, uma reunião prática.
Estavam presentes os diretores da Contag e um representante
de cada uma de nossas 26 federações. Nós entregamos uma
pauta ao Presidente para o desenvolvimento no campo
brasileiro, para a agricultura familiar, para a reforma
agrária e para o desenvolvimento sustentado do país. A pauta
com 157 itens, mas adianto já que o principal ponto e a
reivindicação de R$ 12 bilhões para a agricultura familiar.
Queremos também garantia de renda para a agricultura
familiar, pois não basta só o recurso financeiro, também é
preciso ter sustentabilidade. Não é só assentar, é dar
assistência técnica para fazer assentamentos de qualidade.
Nós também discutimos os direitos do trabalhador rural
assalariado, pois não podemos conviver com a informalidade
dos nossos trabalhadores. É uma pauta econômica e social
para o desenvolvimento sustentável para o campo brasileiro.
-Os senhores saíram satisfeitos com a resposta do
Presidente?
-Nós não pedimos para que o Presidente nos desse uma
resposta agora. Na verdade, pedimos para que ele
encaminhasse a pauta a todos os ministérios envolvidos. São
cerca de 10 ministérios que estão ligados com o projeto.
Lula prometeu que vai abrir as portas dos ministérios
para as negociações.
-Com Lula, um presidente do PT, partido tradicionalmente
atrelado às causas da CONTAG, mudou alguma coisa na relação
do governo com os trabalhadores rurais?
-Nós elogiamos, achamos que tivemos alguns avanços
importantes na agricultura familiar, principalmente, e em
publicações de política públicas. Mas há pontos que nós
achamos que não avançaram. A questão da reforma agrária está
lenta, os índices de produtividade não foram modificados,
temos pessoas debaixo da lona há mais de 4 anos. Temos uma
meta de assentar 250 mil pessoas por ano.
-Como a CONTAG vê os acordos entre Brasil e Estados Unidos
para ampliação da produção de etanol? Quais as perspectivas
desse acordo.
-Temos duas preocupações. Uma é com o modelo de
desenvolvimento. Não podemos transformar algumas regiões do
país em um "mar de cana". Precisamos focar no
desenvolvimento e na sustentabilidade. A segunda é o
respeito aos trabalhadores rurais assalariados. As
negociações coletivas de trabalho, o fim daquilo que nos
envergonha e que ainda vemos em algumas regiões, que é o
trabalho escravo. A participação no lucro. Pedimos atenção a
esses dois pontos na questão do etanol.
Uol News
13 de abril de 2007
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