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Camponeses do Aguán cercados e atacados por soldados e policiais

         

Um forte contingente de militares, policiais e guardas de segurança do latifundiário e produtor de dendê René Morales, cercou mais de 300 camponeses da cooperativa La Trinidad, pertencente ao Movimento Autêntico Reivindicador de Camponeses do Aguán (MARCA). Em 30 de abril, as famílias camponesas recuperaram a terra que reclamavam como sua e, desde então, vêm sofrendo várias tentativas de despejo, que deixaram um saldo, até agora, de dois feridos.

 

"Faz 15 minutos que eles pararam de disparar. Militares do XVº Batalhão de Infantaria, policiais e guardas de segurança do René Morales nos atacaram às 5 da manhã e tentaram nos despejar, mas não conseguiram.

 

Atiraram com armas de grosso calibre e temos dois companheiros feridos, um deles o camponês Antonio Rivas.

 

Eles nos mantêm cercados e já estamos há uma semana sem poder sair da nossa cooperativa. Estamos ficando sem água e comida e, a qualquer momento, podem voltar a nos atacar", explicou com grande preocupação ao Sirel o dirigente do MARCA, Julián Hernández.

 

Há mais de 16 anos as cooperativas filiadas ao MARCA iniciaram uma ação judicial para recuperar as terras que reivindicam como suas e que, garantem, foram usurpadas pelo latifundiário e produtor nicaraguense de dendê René Morales.

 

Dada a ineficiência -e em muitos casos do conluio com os latifundiários- do Poder Judiciário, em 30 de abril passado próximo, membros do MARCA decidiram recuperar as terras da cooperativa La Trinidad, na margem esquerda do rio Aguán, Trujillo.

 

"Desde que recuperamos nossas terras, estamos sofrendo represálias. Em 1º de maio, houve uma primeira tentativa de despejo violento. Fomos atacados a tiros e, desde então, mantêm este bloqueio militar que nos impede de sair.

 

A perseguição e os ataques são constantes, mas não temos alternativa. Essas terras são nossas e eles as roubaram de nós. Nós tentamos através da justiça, mas já se passaram 16 anos e ainda não conseguimos nada, porque o Poder Judiciário está a serviço do latifundiário René Morales.

 

A única solução - disse Hernandez - é retomar o que nos pertence, e estamos dispostos a ficar aqui. Melhor que nos matem defendendo as nossas terras do que continuar passando fome e pobreza", concluiu o dirigente do MARCA.

 

Diante desta difícil situação, a FIAN Honduras emitiu um comunicado condenando a ação da Polícia e do Exército por estarem a serviço dos grandes latifundiários da região, e apelou à solidariedade de todas as organizações sociais, "para evitar que continuem havendo atos violentos que, muitas vezes, acabam com a vida de nossos companheiros e familiares. "

Em Managua, Giorgio Trucchi

Rel-UITA

6 de maio de 2011

 

 

 

 

Foto:  Giorgio Trucchi

     

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