Solidariedade e unidade com a luta no Baixo Aguán
Bem sucedido Encontro Internacional de Direitos Humanos e Contra
o Modelo Explorador
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De 16 a 20 de fevereiro a cidade de Tocoa, Colón, sediou o Encontro
Internacional de Direitos Humanos de Solidariedade a Honduras com o objetivo de
denunciar a grave situação de violação dos direitos humanos e impunidade no país
e no Baixo Aguán, além de definir as estratégias de luta. A atividade foi
convocada pelo Observatório Permanente de Direitos Humanos em Aguán e por um
amplo grupo de organizações nacionais e internacionais.
Durante quatro dias, os mais de 1.200 delegados e delegadas, provenientes de
todo o território hondurenho e de diferentes países do mundo, puderam conhecer,
analisar e trocar idéias sobre a crise de direitos humanos em que vive o país,
particularmente no Baixo Aguán.
Também foram compartilhados os impressionantes testemunhos das vítimas da
perseguição e repressão, assim como as diferentes formas de lutas implementadas
pelas organizações camponesas, que exigem o acesso à terra e o direito à
segurança alimentar, diante de um modelo de monocultura depredador e explorador
apoiado por organismos financeiros internacionais.
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“A presença no Encontro de cerca de cem delegados e delegadas
internacionais e mais de 30 jornalistas estrangeiros nos anima e nos
dá muita esperança para o futuro” |
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“A solidariedade internacional respondeu fortemente ao chamado. Agora nos resta
o desafio de continuar tecendo esta articulação solidária e avançar até
organizarmos um movimento internacional contra o golpismo, a violação dos
direitos humanos e a impunidade”, disse ao Sirel Bertha Cáceres,
coordenadora do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de
Honduras (COPINH).
Durante o Encontro, foram realizadas oficinas temáticas em diferentes
assentamentos camponeses com foco em gênero, infância, povos indígenas e
afrodescendentes.
“O resultado foi além de qualquer expectativa. A presença de uma centena de
delegados e delegadas internacionais e mais de 30 jornalistas estrangeiros nos
anima e nos dá muita esperança para o futuro”, assegurou Cáceres.
Também houve momentos de muita emoção, como por exemplo a homenagem feita às
vítimas e mártires do Baixo Aguán e os depoimentos dos e das sobreviventes. Em
pouco mais de dois anos já são 45 os camponeses organizados que perderam a vida
durante o conflito agrário nesta região.
“Foi um momento comovente. Nos rostos dos familiares das vítimas se percebia a
necessidade de justiça e a sensação de impotência. O desafio agora é canalizar e
converter esta dor em luta e articulação”, afirmou a dirigente indígena.
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“Devemos continuar observando o que está ocorrendo na região,
multiplicando a solidariedade, combatendo a impunidade, promovendo a
unidade” |
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Para Esly Banegas, dirigente da Coordenadoria das Organizações Populares
do Aguán (COPA), o Encontro permitiu desmascarar a hipocrisia do regime.
“Querem que a nível internacional todos acreditem que, por terem sido firmados
acordos com alguns grupos camponeses, o conflito no Baixo Aguán está
solucionado. Sabemos que não é assim e que o regime continuará com a sua
política de violência e terror.
Devemos continuar observando o que está ocorrendo na região, multiplicando a
solidariedade, combatendo a impunidade, promovendo a unidade”, disse a também
presidenta da seccional de Tocoa do Sindicato dos Trabalhadores do Instituto
Nacional Agrário (SITRAINA), que agradeceu a presença da Rel-UITA
no Encontro e a cobertura sistemática que foi dada ao conflito no Baixo Aguán.
Declaração final
Finalizando a atividade, o Comité Organizador apresentou a
Declaração Final do Encontro, na qual se pediu, entre outras
coisas, uma solução definitiva do conflito agrário no Baixo Aguán “sem
negociações indignas de compra e venda de terra”.
Também se exigiu a liberdade imediata para o preso político do Movimento
Camponês de Aguán (MCA), José Isabel Morales, a suspensão dos
processos contra mais de 500 camponeses acusados nos tribunais, assim como a
desmilitarização do território, o fim da impunidade e o fortalecimento do
Observatório Permanente Internacional de Direitos Humanos em Aguán.
Finalmente, os delegados e delegadas nacionais e internacionais acordaram
impulsionar várias ações, cujo cumprimento será monitorado por uma Comissão ad
hoc.
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