Honduras  DH

 

Militares intimidam a imprensa

internacional no Bajo Aguán

 

   

 

 

No marco da realização do Encontro Internacional de Direitos Humanos em Solidariedade a Honduras, instalado na zona do Baixo Aguán, em Tocoa, Colón, membros do Exército intimidaram uns 20 jornalistas da mídia internacional que cobriam o evento.

 

Segundo denúncia do jornalista de origem italiana Giorgio Trucchi, correspondente da Rel-UITA do Uruguai, durante à tarde do domingo passado, dia 19 de fevereiro, uma caravana de seis veículos, com aproximadamente 50 pessoas, se dirigia ao assentamento da comunidade de “Marañones”, quando foi detida por um bloqueio militar na altura do desvio para Paso Aguán.

 

“Os militares, com uma injustificável atitude agressiva, obrigaram os ocupantes da camioneta, conduzida por Gerardo Argueta, coordenador do acampamento Marañones e também diretor do MUCA margem esquerda e que, no passado, sofreu inúmeras ameaças, a descer e exigiram que se identificassem”, disse Trucchi por telefone ao jornalista do Comitê pela Livre Expressão (C-Libre).

 

Imediatamente, detalhou Trucchi, o resto da caravana decidiu sair dos automóveis e se aproximar do carro de Argueta para saber o motivo da detenção. “Nós, jornalistas, perguntamos aos militares por que atuavam dessa forma, particularmente com esse grupo.

 

Como não tivemos uma resposta dos uniformizados -continuou Trucchi- começamos a fotografar e a filmar o fato. Esta ação irritou os militares que imediatamente começaram a manipular suas armas em uma atitude evidentemente intimidadora para com os jornalistas.

 

Um deles passeava entre os correspondentes e, por várias vezes, nos disse:
‘Guardem essas câmeras e parem de fotografar, porque se continuarem com isso, nós vamos confiscá-las’. Um militar, em seguida, colocou a mão na minha lente, mas como havia muitas pessoas, ficou nervoso e desistiu”, detalhou Trucchi.

 

“Este ato de abuso de poder durou aproximadamente uns 25 minutos -narrou o jornalista-, até que chegou ao local um militar superior responsável pela operação, que se negou a dar o seu nome, mas a quem perguntei se, em Honduras, era legal dizer aos jornalistas que lhes seriam retirados os seus equipamentos de trabalho sem nenhum argumento justificado. Este militar respondeu que não, que isso não era legal”.

 

Trucchi assegurou que a imprensa internacional sentiu na própria pele uma demonstração do clima de terror no qual, diariamente, vivem os camponeses do Baixo Aguán. “A grande pergunta é: se eles adotam esta atitude de soberba e arrogância com jornalistas internacionais, como não serão com os camponeses?”, concluiu.

 

Entre o grupo de jornalistas intimidados pelos militares hondurenhos estavam os correspondentes da Argentina, Itália, Espanha, Estados Unidos, Brasil, Noruega e Uruguai.

 

 

 
 

 

Tomado de C-Libre*

27 de fevereiro de 2012

 

 

* C-Libre (Comitê para a Livre Expressão) é uma coalizão de jornalistas e membros da sociedade civil criada para promover e defender a liberdade de expressão e o direito à informação em Honduras

Fotos: Giorgio Trucchi

 

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