Honduras  DDHH

 

Outro dirigente do MUCA assassinado por pistoleiros
45 camponeses massacrados em dois anos

 
   

 

 

O conflito agrário, que nos últimos dois anos tem abalado a região do Baixo Aguán, no nordeste de Honduras, fez uma nova vítima inocente. Às 7 da manhã de hoje, 20 de janeiro, dois homens encapuzados, montados em uma moto, dispararam contra Matías Valle, ex-vice presidente do Movimento Unificado Campesino do Aguán (MUCA) e fiscal da empresa La Chile, do assentamento camponês La Confianza.
 
 

Com este novo assassinato, já são 45 camponeses organizados do Baixo Aguán, que lutam pelo acesso à terra e por uma vida digna para suas famílias, que foram assassinados em pouco mais de dois anos.
 
"Infelizmente, acabamos de ser informados que o companheiro Matías Valle faleceu há poucos minutos, em consequência dos múltiplos impactos de bala. Enquanto esperava em uma parada de ônibus na comunidade Quebrada de Arena, onde morava, foi atacado por pessoas desconhecidas", disse ao Sirel, Yoni Rivas, secretário-geral do MUCA.
 
De acordo
com várias testemunhas, os dois pistoleiros chegaram em uma moto, com os rostos cobertos por touca ninja, e, sem emitir uma só palavra, foram direto ao dirigente camponês e lhe dispararam vários tiros.
 
"Não há nenhuma dúvida de que este novo assassinato está relacionado ao conflito agrário que estamos vivendo com os latifundiários, no Baixo Aguán. Eles querem nos pressionar para que aceitemos a proposta do governo e dos bancos privados para a compra das terras.
 
Nós já
rechaçamos este acordo, porque ele visa a nos asfixiar economicamente. Endividar-nos, para depois voltarem a nos tirar a terra que tanta luta e sacrifício nos custou", explicou Rivas.
 
Matias Valle ocupou o
cargo de vice-presidente do MUCA até meados de 2011 e integrou a Comissão de negociação que, em abril de 2010, assinou o primeiro Acordo com o governo. Atualmente, era Fiscal da empresa camponesa La Chile, pertencente ao assentamento camponês de La Confianza.
 
Em agosto de 2010, Matías Valle e a dirigente camponesa María Gutiérrez foram convidados em Tegucigalpa, como representantes do MUCA, durante a 3ª reunião do Comitê Executivo da Federação Latino-Americana dos Trabalhadores da Coca Cola da UITA (FELATRAC) para darem o seu testemunho sobre a luta camponesa no Baixo Aguán.
 
Durante esta atividade, receberam
o apoio incondicional da Rel-UITA e das organizações sindicais filiadas. "Para nós é uma alegria tê-los aqui. Saibam que contam com o nosso inteiro apoio e solidariedade. Em nome de todos nós levem a nossa bandeira e, cada vez que a vejam, lembrem-se de que vocês não estão sós", disse naquela ocasião Gerardo Iglesias, secretário regional da UITA.
 
A partir do
processo de militarização do Baixo Aguán e do início da Operação Xatruch II em setembro passado, nove camponeses e uma camponesa foram assassinados, entre eles três dos principais dirigentes dos movimentos camponeses do Baixo Aguán.
 
"Era um companheiro muito valioso, plenamente identificado com a luta, dirigente fundamental para o processo de negociação com o governo e com os latifundiários produtores de dendê.
 
Lamentavelmente, o dia de hoje foi atingido pelas balas assassinas dos pistoleiros. Vamos exigir que este crime seja investigado, para que não fique impune como sempre acontece", disse o secretário-geral do MUCA.

 

 

Em Manágua, Giorgio Trucchi

Rel-UITA

26 de janeiro de 2012

 

 

 

 

 

Foto:  Giorgio Trucchi 

 

 

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