Representantes das entidades organizadoras do Encontro Unitário dos
Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas
participaram ontem de uma coletiva de imprensa com órgãos da mídia nacional e
internacional. Eles falaram sobre a expectativa em torno deste momento histórico
para o campo brasileiro e sobre as principais pautas reivindicadas das
organizações.
Willian Clementino, falando em nome da Confederação Nacional de
Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), apresentou a programação do
Encontro Unitário afirmando que este será o momento de fazer uma boa análise de
conjuntura do campo, suas contradições e as alternativas propostas pelos
trabalhadores. “Não haverá nenhum programa de combate à pobreza que não passe
pela Reforma Agrária. Este é um princípio para todos nós”, afirmou.
Elisângela Araújo, membro da Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura Familiar (FETRAF), salientou que este é um momento de grande
importância para o fortalecimento de um setor primordial para o desenvolvimento
do país. Para ela, o Governo Federal tem ignorado as pautas dos agricultores que
“produzem 70 por cento dos alimentos neste país e não tem acesso a crédito, a
pesquisa e a tecnologia”. Ela insistiu que o Encontro tem o compromisso com
pautas estruturantes que dialoguem com a sociedade, modifiquem o conceito de
desenvolvimento em curso no Brasil e fortaleçam a unidade entre as
organizações do campo e da cidade.
Para João Pedro Stédile, a sociedade brasileira vive refém do agronegócio, um
modelo concentrador de terra, destruidor do meio-ambiente e que visa somente a
multiplicação de lucros e não a produção de alimentos para o povo brasileiro.
“Este modelo não incorpora os trabalhadores porque não gera trabalho nem renda e
impossibilita a permanência no campo’, afirmou.
Mais de sete mil
pessoas participam do Encontro Unitário dos Trabalhadores e Trabalhadoras e
Povos do Campo, das Águas e das Florestas que prossegue até na quarta-feira
(22), dia em que haverá uma Marcha na Esplanada dos Ministérios com a presença
de 10 mil manifestantes. |
Otoniel Ricardo Guarani,
membro do povo Guarani Kaiowá e Nhandeva do Mato Grosso do Sul, denunciou
a discriminação e a violência sofridas pelos povos indígenas em todo territorial
nacional, sobretudo em seu estado de origem, onde os grandes proprietários
anunciaram pela imprensa que haverá conflito armado com os indígenas.
Otoniel
lembrou que ele mesmo é
uma das dezenas de lideranças ameaçadas e que estão sob proteção policial no
Brasil. Ele cobrou que o Estado brasileiro intervenha e resolva esta questão
em obediência as suas próprias leis. “É revoltante que o governo, que deveria
resguardar o que diz a Constituição, desrespeite os povos indígenas avançando
com grandes empreendimentos como mineração e barragens, coisa que ele mesmo
disse que não abre mão”, afirmou.
Em nome da Coordenação
Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ),
Denildo Rodrigues denunciou o atual desmonte da legislação que dificulta
aos quilombolas ter acesso às terras ocupadas por eles historicamente.
Lembrou que, de todo o
público atendido pelo programa Brasil sem Miséria do Governo Federal, 70
por cento é negro, o que comprova as marcas deixadas pela escravidão muito
recentemente abolida no Brasil.
“Em todo o país
existem 5000 comunidades quilombolas e pouco mais de 200 estão reconhecidas.
Enquanto isto, o governo avança com grandes empreendimentos, principalmente com
hidrelétricas, expulsando comunidades e aprofundando miséria no campo. Neste
contexto este encontro unitário é uma conquista mostrando que o campo está unido
contra este modelo de desenvolvimento buscando apresentar alternativas para a
sociedade brasileira”, enfatizou.
Mais de sete mil pessoas participam do Encontro Unitário dos Trabalhadores e
Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas que prossegue até na
quarta-feira (22), dia em que haverá uma Marcha na Esplanada dos Ministérios com
a presença de 10 mil manifestantes.
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