Trezentos e
cinqüenta agricultores familiares, em busca de mais
qualidade de vida, uniram-se para fugir da pobreza e da fome
e criaram o projeto "Banco Comunitário de Sementes Crioulas
e Espécies Florestais Nativas do Cerrado". A iniciativa é
uma das contribuições para o desenvolvimento sustentável do
Instituto Rede Terra.
O banco de
sementes foi criado com a participação de agricultores
assenta-dos, que plantaram pequenas áreas de variedades
crioulas de milho e arroz.
A alternativa vem sendo utilizada por pequenos produtores
dos municípios goianos de Cristalina, Luziânia, Cidade
Ocidental, Valparaíso e Novo Gama/GO.
As sementes
crioulas não são geneticamente modificadas e buscam
incentivar, na região do entorno do Distrito Federal, a
implantação de bancos de sementes e a sustentabilidade dos
seus associados.
O primeiro passo dos organizadores do projeto foi garantir a
qualidade das sementes. Por isso, as variedades utilizadas
são mais rústicas e de menor produtividade que as existentes
no mercado convencional. São, ainda, mais adaptáveis ao
ambiente local.
Homem feliz
Para o agricultor familiar Levi Cerqueira, que vive
no Assentamento Vitória, distante 38km de Cristalina, o
maior problema era plantar e não ter para quem vender. "Com
o projeto, nossa venda é garantida, sem a participação de
atravessadores". Levi se considera um homem feliz,
com 47 anos, mulher e quatro filhos para sustentar, e vê no
projeto um futuro melhor para todos de sua família.
Segundo o coordenador-geral do banco, Luiz Carlos Simion,
no momento, as sementes de milho e arroz estão sendo
produzidas. "Para a próxima safra, está previsto, ainda, o
plantio de sementes de feijão, de espécies nativas do
cerrado e adubos verdes. O milho é uma espécie ímpar da
agricultura familiar, pois serve de alimento ao homem e
também aos animais domésticos", declara.
O processo é simples: o agricultor recebe do banco
comunitário 20kg de sementes. Com essa quantidade, planta 1
hectare. Após a colheita, ele separa 50kg e as devolve ao
banco, responsável pela seleção, empacotamento e
armazenamento das sementes para a próxima safra.
Os técnicos da Rede Terra estimam que os agricultores
lucrem R$ 24 mil, em 2008. Fundada em 1999, a Rede Terra
é uma entidade da sociedade civil, de direito privado e sem
fins lucrativos, fruto do trabalho de técnicos agrícolas,
educadores, produtores rurais e profissionais liberais.
Parcerias
Dentre outros parceiros, a Rede Terra conta com o
apoio da Fundação Banco do Brasil, que investiu no Banco
Comunitário de Sementes Crioulas e Espécies Florestais
Nativas do Cerrado cerca de R$ 26 mil. As sementes foram
doadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O Banco Comunitário foi aprovado pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no âmbito do Programa
de Pequenos Projetos Ecossociais (PPP-ECOS). Um dos
critérios para escolha foi o uso sustentável da
biodiversidade no cerrado e ações que contribuam para o
desenvolvimento de alternativas de organização, produção e
comercialização destinadas a melhorara qualidade de vida das
comunidades locais, valorizar e conservar os recursos
naturais do bioma.
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