Brasil
Agrotóxicos de plantações de soja
estão matando índios da
Amazônia |
O avanço da fronteira agrícola no norte do Mato Grosso e em
Rondônia, além da atuação ilegal de madeireiras, já atinge o
sul do Amazonas e vem assustando as comunidades indígenas da
região. A denúncia é feita pelo líder indígena Walmir
Parintintin, cujo povo vive nas proximidades das Brs 230 e
319 da Transamazônica.
Segundo ele, forasteiros tomam conta da região, levando o
desmatamento e ao surgimento de pastagens, ao mesmo tempo
que trazem doenças com a contaminação das águas dos rios com
agrotóxicos.
Esse avanço sobre a floresta e as áreas indígenas, afirma
Walmir, vem ocorrendo desde o início da década, quando
surgiram os primeiros problemas com o plantio da soja. As
cabeceiras de rios e igarapés foram contaminadas, atingindo
as aldeias.
Agora, prossegue ele, a principal preocupação é com a ação
de madeireiros, que "agem ilegalmente". "As terras indígenas
correm o risco de serem atingidas, porque a madeira que
existe nas fazendas está acabando. O governo não enxerga o
problema."
Segundo Parintintin, a doença provocada pelo uso de
agrotóxicos nas plantações de soja chega às aldeias por meio
da água dos rios e pelo consumo de peixes contaminados, o
que está levando à morte de crianças e idosos. "Tem também
muito índio morrendo com câncer. É resultado do problema dos
agrotóxicos. Estamos sofrendo com isso", resume. "Temos
consciência de preservação da natureza. Hoje, são os povos
indígenas que seguram as terras e mantêm o meio ambiente
para o governo. Nossas produções de artesanato não degradam
o meio ambiente."
Os Parintintin estão finalizando um trabalho de
diagnóstico cultural e de preservação de suas raízes, que
deve ficar pronto ainda este ano. "Nós temos língua, cultura
e danças tradicionais que não esquecemos, apesar do avanço
das máquinas sobre nossas terras. Com esse estudo, vamos
conduzir e preservar a nossa cultura", conclui.
O rápido avanço das fronteiras agrícolas nos últimos anos,
em direção aos territórios indígenas, especialmente na
região onde habita Walmir, foi tema abordado também
pelo coordenador da campanha 'YIkatu Xingu pelo Instituto
Socioambiental, Márcio Santilli, em artigo para o
décimo volume da publicação Povos Indígenas no Brasil -
2001-2005.
Amazonia.org
18 de abril de 2007
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