Brasil

 

CTNBio liberou o plantio comercial
do algodão transgênico da Bayer
chamado Liberty Link

 

Em sua última reunião, realizada na semana passada, a CTNBio liberou o plantio comercial do algodão transgênico da Bayer, chamado Liberty Link. O produto é feito para ser plantado com a aplicação do herbicida Finale, também da empresa alemã. De acordo com o sistema Agrofit, do Ministério da Agricultura, o agrotóxico é classificado como muito perigoso em termos de impacto ambiental.

 

Para a cultura do algodão, o herbicida tem registro para uso como dessecante. Já para o milho Liberty Link, também aprovado pela CTNBio, o produto não tem registro para aplicação como dessecante, é considerado de uso não alimentar e não tem seu intervalo de segurança determinado.

 

Cúmulo da eficiência

 

Durante a reunião plenária da CTNBio, o professor Aluízio Borém pediu vista do processo de liberação comercial de milho transgênico que estava na pauta, mas não em discussão. O presidente da Comissão atendeu o pedido do professor da Federal de Viçosa. O expediente faz com que o milho da Syngenta seja necessariamente votado na próxima reunião, em setembro.

 

Alguns membros questionaram a interpretação que o presidente deu ao item do regimento que trata do pedido de vista, já que o relatório ainda não tem sequer os votos das comissões setoriais da CTNBio. Por via das dúvidas, o secretário-executivo da CTNBio já tinha ao seu lado cópia pronta e empacotada do volumoso processo de liberação do milho mesmo antes de o pedido ser feito.

 

Surpresa

 

Ao abrirem a pasta com os documentos da reunião distribuídos pela secretaria da CTNBio na semana passada, os membros se depararam com uma nova publicação do ISAAA, entidade de lobby pró-transgênicos financiada pelas multinacionais de biotecnologia, como Bayer e Syngenta. A entidade é conhecida por publicar anualmente dados sobre a área global plantada com transgênicos. Os número divulgados não trazem suas fontes e costumam inflar um tanto a realidade, mas mesmo assim são reproduzidos por muitos jornais e órgãos oficiais.

 

Bom pra quem?

 

Para a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, a semente da Bayer não deve trazer grande impacto na produção da pluma no Mato Grosso. Além disso, o algodão da Monsanto não se mostrou tão interessante economicamente. Tanto é que não ocupa nem 10% da área de algodão no estado.

 

Falou e disse

 

O Príncipe Charles declarou em entrevista recente ao jornal britânico Daily Telegraph que lavouras transgênicas arriscam provocar o maior desastre ambiental do mundo, e que os pequenos agricultores poderiam ser aniquilados com as corporações gigantescas controlando toda a produção de alimentos.

 

“Nós deveríamos estar falando de segurança alimentar, e não de produção de alimentos -- isto é o que realmente importa e é isto que as pessoas não entendem”, disse o Príncipe.

Poucos dias depois a revista Country Life publicou uma pesquisa com mais de mil de seus leitores em que o Príncipe de Gales foi considerado o maior guardião individual das áreas rurais.

 

O resultado -vindo de uma revista de orientação editorial favorável aos transgênicos- revela a grande rejeição britânica aos transgênicos e a consciência deste público da atuação nefasta das grandes empresas de biotecnologia. E dá enorme crédito ao Príncipe historicamente ridicularizado por gostar de falar com as plantas.

 

Tomado de Biodiversidadla

29 de agosto de 2008

 

 

 

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