Brasil Enviar este artículo por Correo Electrónico

Grito da Terra Brasil 2008

 

Valeu a pena!

 

 

 

Estamos encerrando o 14o Grito da Terra da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG). São 14 anos de luta e de negociação em uma mobilização que envolve milhares de famílias rurais. Este foi um novo passo no processo das conquistas de políticas públicas para os trabalhadores e trabalhadoras rurais. A importância deste Grito vai muito além dos interesses da classe trabalhadora rural e diz respeito a todo o país.

 

 

 

Este foi um Grito da Terra com um sentido especial, porque ocorreu em uma conjuntura na qual o mundo discute sobre agricultura, sobre produção de alimentos, sobre o modelo de desenvolvimento e a reestruturação do setor industrial.

 

É também especial porque uma vez mais contamos com uma participação efetiva de nossa Internacional, a UITA, que esteve presente em todos os momentos da mobilização, registrando os principais fatos e ajudando nesse nosso esforço.

 

Aconteceu em um momento especial, também porque a mobilização conseguiu reunir mais de 10 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais, no que foi um dos Gritos da Terra mais participativos em termos de mobilização social.

Tem sido de especial importância em nossos debates a análise sobre o modelo de desenvolvimento que queremos construir para o país. Trata-se de um modelo com os pés na agricultura familiar, frente à agricultura dos grandes empresários orientada exclusivamente à exportação. Denunciamos a vergonha do trabalho escravo, a violência e a impunidade no campo brasileiro.

 

Foi entregue ao Presidente da República uma pauta reivindicatória contendo mais de 100 itens dizendo respeito a 20 Ministérios do governo federal, que abordam temas como a política agrícola em geral e as setoriais referentes à agricultura familiar, aos assalariados rurais, aos aspectos sociais como a saúde e a previdência social, aos assuntos ambientais, à reforma agrária, à soberania alimentar e ao acesso aos recursos naturais do país. Debatemos com muita força o avanço da cana-de-açúcar para a produção do etanol e sobre vários projetos de lei muito importantes, que estão em discussão no Congresso, relacionados com a agricultura familiar e o desenvolvimento sustentável.

 

Tem sido de especial importância em nossos debates a análise sobre o modelo de desenvolvimento que queremos construir para o país. Trata-se de um modelo com os pés na agricultura familiar, frente à agricultura dos grandes empresários orientada exclusivamente para a exportação. Denunciamos a vergonha do trabalho escravo, a violência e a impunidade no campo brasileiro.

 

Vivemos um Grito da Terra muito completo que dialogou com a sociedade e com os mais de 4 mil sindicatos que compõem a CONTAG, em um processo de discussão interna que foi construindo, consolidando a pauta que entregamos ao presidente Lula.

 

Durante este ano que passou atravessamos momentos muito duros em nossa luta, momentos de máxima tensão onde, inclusive, estivemos a ponto de decidir sobre a ocupação das instalações públicas envolvidas na elaboração da política agrária.

 

Finalmente fomos recebidos pelo Presidente da República junto com vários Ministros, e saímos vitoriosos destas jornadas porque muitas de nossas reivindicações foram respondidas positivamente.

 

Obtivemos um forte aumento dos recursos dedicados pelo governo ao Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar (PRONAF), um maior orçamento para a assistência técnica, o orçamento para nosso programa de comercialização da agricultura familiar quase foi duplicado e, pela primeira vez, conseguimos o compromisso do Presidente de que neste ano os índices de produtividade das terras potencialmente expropriáveis serão modificados visando à reforma agrária. Obtivemos, ainda, melhorias nas áreas da juventude, mulher, e também o compromisso de que a base governamental no Senado aprovará a medida provisória sobre a aposentadoria dos trabalhadores e trabalhadoras do campo.

 

Naquela oportunidade, com a concordância do Presidente, foi criado um Grupo de Trabalho que analisará a situação dos trabalhadores e trabalhadoras rurais nas grandes plantações, sejam elas de laranja, de cana-de-açúcar ou outras culturas que serão mecanizadas em um futuro próximo. Nesse espaço se discutirá sobre as conseqüências dessa reestruturação produtiva e de como será abordada a situação dos milhares de trabalhadores e trabalhadoras cujos empregos, muito provavelmente, deixarão de existir. Em alguns pontos, recebemos uma resposta que ainda devemos analisar.

 

Por isto tudo, acreditamos que saímos vitoriosos deste Grito da Terra Brasil 2008. Não resolvemos tudo, continuamos com problemas e ameaças, devemos seguir lutando por outro modelo de desenvolvimento, pela definição de um marco regulador para o setor agroindustrial e para as monoculturas como a cana-de-açúcar e a soja, por regulamentações referentes à estrangeirização da propriedade da terra.

 

Obtivemos estas conquistas graças à capacidade de luta e mobilização de nossa gente, de nossas bases, de nossa unidade e organização especialmente na CONTAG. Esta vitória servirá também para acalmar os ânimos de todos nós e nos dizer que vale a pena lutar e que, se nos mantivermos neste processo, estaremos nos aproximando da construção de um país mais justo, mais soberano, no qual o sol brilhe igualmente para todos e todas.

Em Brasília, Alberto Broch
Rel-UITA
19 de maio de 2008

 

* Vice-presidente da CONTAG. Integrante
  do Comitê Executivo Mundial da UITA

 

 

 Más información

 

 

 

Volver a Portada

 

 

  UITA - Secretaría Regional Latinoamericana - Montevideo - Uruguay

Wilson Ferreira Aldunate 1229 / 201 - Tel. (598 2) 900 7473 -  902 1048 -  Fax 903 0905