-Como começou este Grito da Terra 2009?
-O Grito começou de fato no dia 29 de Abril, quando foi entregue ao
Presidente Luis Inácio Lula da Silva a pauta de
reivindicações para este ano. Esta é a 15ª edição do Grito, que é um
importante momento de negociação coletiva para os trabalhadores e
trabalhadoras rurais brasileiros, os sem terra, os agricultores
familiares, os camponeses, os jovens e os assalariados rurais.
Atualmente, estamos em plena negociação, e já nos reunimos com os
Ministros da Educação e do Planejamento, visando receber uma
resposta positiva à nossa pauta vinda do governo federal. Esta
tarde, o presidente Lula vai se manifestar a este respeito.
-Quais são as expectativas pela resposta do Presidente?
-Temos trabalhado muito para que ela seja positiva; avançamos em
vários pontos, mas ainda há pontos pendentes no que diz respeito à
reforma agrária. De qualquer forma, continuaremos com a negociação e
esperamos chegar a acordos positivos com relação aos pontos
centrais.
-Qual
foi o progresso e o que ficou pendente nestes 15 anos do Grito da
Terra?
-Nestes 15 anos conquistamos importantes políticas para a área de
saúde pública, da previdência social e da agricultura familiar
através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar (PRONAF). Partimos do zero e, durante este tempo,
construímos uma política consolidada, uma política diferenciada para
os pequenos e médios produtores. Continuamos trabalhando
intensamente no tema referente aos créditos e recursos para os
agricultores familiares. Uma das nossas reivindicações é a de
conseguir 15 bilhões de reais (aproximadamente US $ 7.500 milhões de
dólares) para o PRONAF este ano.
-Você dizia que a questão da reforma agrária estaria pendente...
-A crise financeira internacional afetou também o Brasil e
isto provocou um corte nos orçamentos destinados à agricultura em
geral, o que levou que a reforma agrária se tornasse demorada. Neste
momento, estamos negociando um reajuste orçamentário que permita
continuar com a reforma. Entretanto, se fizermos um balanço, todos
os anos avançamos um passo.
-Quais são as principais metas do Grito 2009?
-As principais metas são avançar com as políticas de crédito para a
agricultura familiar, avançar com o tema da reforma agrária, ou
seja, assentar milhares de famílias que continuam à espera da terra
para produzir, o que é fundamental para gerar emprego e renda no
campo. Outro ponto que estamos trabalhando diz respeito à justiça
ambiental; propomos, para isso, uma revisão da legislação ambiental
que permita um equilíbrio entre o meio ambiente e a produção no
campo.