O Grito
Continua!
A
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG),
realizou, em 17 e 18 de maio passados, seu 17º Grito da Terra
concentrando mais de 5 mil agricultores e agricultoras em Brasília,
para apoiar a definição do processo de negociação com o governo. A
Rel-UITA participou destas jornadas que incluíram uma audiência com
a presidenta Dilma Rousseff.
No encerramento da
grande mobilização, e como já é tradição no Grito da Terra, o
presidente da CONTAG, Alberto Broch, realizou um
balanço do que foi acordado durante as negociações com os cinco mil
manifestantes. A seguir, a essência de suas palavras.
"Estamos aqui reunidos em assembleia, encerrando estes dois dias de
audiências com o governo, representando milhares de camponeses e
camponesas brasileiras.
Este é o Grito da
Terra - Brasil,
que realizamos no exercício da nossa luta sindical, uma luta por
melhores dias, uma luta para que o campo, a agricultura familiar, a
reforma agrária, o desenvolvimento sustentável e as políticas
sociais sejam, cada vez mais, reconhecidos pelo Estado brasileiro e
pela sociedade, para que possamos ter uma vida digna, um país com
justiça, que respeite os direitos dos cidadãos.
Este é o primeiro Grito da Terra no cenário deste novo governo da
presidenta Dilma Rousseff.
Apesar de um ambiente de muitas complicações nacionais e
internacionais, estamos firmes com a nossa plataforma, que foi
construída com a participação de todos vocês, das 27 Federações, das
cinco grandes Regionais de todo o Brasil, e também de toda a
direção da CONTAG, que está aqui hoje com vocês.
Quero destacar a presença junto a nós do ministro do Desenvolvimento
Agrário, Alfonso Florence, e do Secretário-Geral da
Presidência da República, Gilberto Carvalho.
A resposta presidencial
Desde que entregamos a nossa plataforma de reivindicações ao governo
em março passado, em coordenação com as equipes destes dois altos
funcionários,
mantivemos mais de 40 reuniões de negociação e dialogamos com 17
Ministros de Estado.
"A
Secretaria-Geral da Presidência nos receberá a cada 60
dias para continuar discutindo sobre aqueles pontos que
ainda não avançaram"
(Alberto Broch) |
Momentos atrás, juntamente com as 27 Federações, com a Diretoria da
CONTAG, com a Rel-UITA, aqui presente, e com o
Fórum Brasileiro de Economia Solidária, fomos recebidos pela
Presidenta, que nos entregou o resultado deste processo de
negociação, com uma resposta para cada um dos 185 itens de nossa
pauta.
Obviamente, ainda não pudemos analisar todas as respostas, porque
aqui estão algumas coisas que avançaram rapidamente, outras que
foram encaminhadas, e outras que talvez não avançaram.
Mas, para
inovar em relação aos anteriores Gritos da Terra, esta manhã a
presidenta assumiu um compromisso: dentro da lógica que a CONTAG
já vinha discutindo e que vocês aprovaram de que o Grito não termina
hoje, o ministro Carvalho aqui
presente nos receberá a cada 60 dias para continuar discutindo sobre
aqueles pontos que ainda não avançaram, e até mesmo para agir sobre
os itens já resolvidos, mas que por alguma razão não foram colocados
ainda em prática.
Esta é uma das grandes novidades que conseguimos na audiência com a
Presidenta, que se referiu pessoalmente a alguns pontos específicos
que serão agora desenvolvidos para vocês pelos Ministros presentes",
disse Broch.
Mais apoio à agricultura familiar
O ministro Florence se referiu a várias das conquistas
obtidas pelo governo Lula durante os períodos anteriores,
ressaltando que das 28 milhões de pessoas que saíram da pobreza, 5
milhões provinham do campo; que das 900 mil famílias assentadas em
toda a história do Brasil pela reforma agrária, 600 mil foram
assentadas na gestão de Lula, e mencionou diversos programas
de assistência e promoção para a agricultura familiar lançados
nesses oito anos, destacando o importante papel da CONTAG
neste processo.
Ele também anunciou alguns dos principais acordos alcançados durante
a negociação deste 17 Grito da Terra - Brasil.
• Manutenção da mesma verba orçamentária que a do período anterior
para o Programa de Apoio à Agricultura Familiar (PRONAF). "Se
isto não for suficiente, será ampliado tudo o que for necessário",
disse Florence citando a Presidenta.
• Diminuição da taxa de juros para todos os créditos abaixo dos 10
mil reais estabelecidos pelo PRONAF, o que levará esta taxa
para 1 por cento ao ano.
• Ampliação de todas as linhas de crédito do PRONAF, e
redução da taxa de juros em até 2 por cento para aqueles créditos
acima dos 10 mil reais.
• Antecipação da execução de todo o orçamento previsto em 2011 para
a obtenção de terras e de assistência técnica.
Segundo o ministro Florence, a Presidenta demonstrou nesta
audiência que não só honrará suas promessas eleitorais, mas que, da
mesma forma que para o ex-presidente Lula, a agricultura
familiar faz parte do projeto de desenvolvimento sustentável do
Brasil que ela e seu governo pretendem levar adiante.
Uma casa para cada família rural
O secretário da Presidência Carvalho, por sua vez, falou em
nome da presidenta Dilma Rousseff e homenageou os
agricultores e agricultoras presentes na assembleia, alguns depois
de haver viajado por cinco dias para chegar lá.
"A agricultura familiar faz parte do
projeto de desenvolvimento sustentável do Brasil que a
Dilma e seu governo pretendem levar adiante"
(Alfonso Florence, ministro
do Desenvolvimento Agrário) |
Destacou que ela ordenou manter essas
reuniões bimestrais da CONTAG com a Presidência, assim como
convidou a todos os Ministros vinculados à pauta da Confederação que
prestassem a maior atenção às suas colocações.
"O diálogo terá que continuar, porque muitas coisas avançaram, mas
nem tudo está resolvido", afirmou.
Carvalho anunciou o início de uma renegociação, caso a caso, da
dívida dos agricultores, a simplificação do processo para a obtenção
de habitações rurais, a fim de cobrir totalmente a demanda nos
próximos quatro anos.
Finalmente, comentou que o governo do Brasil expressará à
ONU a sua vontade de participar do processo de preparação feito
por aquela entidade para declarar
2013
como o Ano
Internacional da Agricultura.
No final da mobilização, Alberto Broch manifestou o seu
agradecimento e compromisso com todos os ali presentes e salientou
que, desta vez, o Grito da Terra
não irá embora de Brasília, mas que continuará avançando durante
todo o ano.
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