Surgida a partir da fusão da
Perdigão com a Sadia, a Brasil
Foods (BRF) comprou recentemente
a maioria do pacote acionário do
frigorífico avícola argentino
Avex. Sirel dialogou com Carlos
Molinares, Secretário de
Organização da Federação Gremial
do Pessoal da Indústria de
Carnes e seus Derivados, que nos
apresentou o ponto de vista
sindical sobre esta primeira
incursão de uma transnacional no
setor avícola argentino.
Em comunicado, a BRF
informou ter comprado 69,14% do
pacote acionário da Avex SA. O
resto das ações ficará nas mãos
de Carlos Miguens, antigo
acionista da empresa.
A aquisição, que inclui o
Grupo Dánica integrado por
Flora Dánica SA, Flora
San Luis SA e por GB Dan
SA, representa um
investimento de aproximadamente
150 milhões de dólares.
É a primeira vez que uma
transnacional compra uma empresa
avícola na Argentina...
-Estávamos à espera de uma
operação deste tipo há algum
tempo, entretanto não
imaginávamos que poderia ocorrer
agora. Estamos em alerta e em
permanente comunicação com os
companheiros de Rio Quatro, em
Córdoba, onde está a fábrica da
Avex.
-Quantos trabalhadores há
nesta fábrica?
-Cerca de 400 trabalhadores e
trabalhadoras.
Estamos atentos e
conscientes da
necessidade de
continuar
fortalecendo a
estratégia da
Rel-UITA de
consolidar a
Coordenadoria do
Mercosul do Setor
das Carnes. |
-Qual a importância da Avex
no setor?
-É uma empresa relativamente
nova em comparação
com as outras que estão
na atividade. É uma fábrica
moderna e se situa entre as mais
importantes do país e que, como
as demais, continuará crescendo
porque neste momento o setor
avícola não tem teto na
Argentina.
Atualmente, são abatidos
cerca de 80 mil frangos
diariamente. Aparentemente, a
empresa BRF teria a intenção de
elevar a produção para 140 mil
frangos por dia, a partir de
abril de 2012.
-O que vocês esperam da BRF?
-Não temos boas experiências com
empresas de origem brasileira no
setor das carnes vermelhas, como
é o caso da JBF e do
Grupo Marfrig, empresas que
estão presentes já faz um bom
tempo. Fomos pegos um pouco de
surpresa. Esperamos não ter que
nos deparar com políticas que
atentem contra os trabalhadores
nem contra as suas conquistas.
-Como é o setor empresarial
avícola na Argentina?
-Até agora, eram empresas de
capitais nacionais, quase todas
de origem familiar. É a terceira
geração que faz a gestão destas
empresas. Nesse sentido, esta
operação é uma completa
novidade.
-Vocês já tiverem algum
contato com a BRF?
-Até agora não. Isto é muito
recente. Estamos trocando ideias
com o Sindicato local. É bem
provável que esse contato
aconteça logo e esperamos que
tudo caminhe bem. A gente fica
alerta, porque a situação pede,
e também porque temos péssimas
experiências de perda de emprego
e de mudanças na política
interna, provocadas por empresas
da mesma origem. Mas não vamos
nos antecipar, e também porque
para isso é que estão os
sindicatos, para nos garantir
que as empresas se movam dentro
da lei e dos Convênios.
-Vocês têm informações sobre
se a BRF continuará com as suas
aquisições?
-Até agora não temos dados nesse
sentido, Estamos atentos e
conscientes da necessidade de
continuar fortalecendo a
estratégia da Rel-UITA de
consolidar a Coordenadoria do
Mercosul do Setor das Carnes,
para que situações como esta,
nas quais desembarcam
empresas transnacionais,
possamos chegar a um
entendimento com base na lei e
nos acordos coletivos.
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