Com Lázaro Serrano
Sem sinais de melhora em FEMSA
A negociação em um labirinto
No dia 8 de maio passado, foi detida a
negociação coletiva entre o Sindicato de
Trabalhadores da Engarrafadora Central
Sociedade Anônima (STECSA) e a Engarrafadora
Central (EMBOCEN) subsidiária da mexicana
FEMSA. O Sindicato denunciou reiteradamente
a EMBOCEN-FEMSA por permitir a invasão de
produtos de outras subsidiárias da Coca-Cola
Co. em seu território, o esvaziamento de
recursos e modificações nas rotas de
distribuição, em um cenário em que se
percebe um ardil para terminar com a fábrica
e destruir o Sindicato. Em relação a esta
situação, SIREL conversou com Lázaro
Serrano, secretário de Organização e
Estratégia do STECSA
-Quais foram os motivos
que levaram a que a negociação coletiva
fosse interrompida?
-A negociação foi interrompida por várias
razões: porque a empresa mantém a exigência
de que cada caminhoneiro deva vender uma
quantidade inalcançável de caixas. Por outro
lado, pretendem eliminar um auxiliar
daqueles caminhões que não conseguirem
vender o mínimo de 225 caixas exigido pela
empresa. Atualmente, a tripulação de cada
caminhão é de um motorista-vendedor e dois
auxiliares.
Por outro lado, a companhia está dividindo
os produtos com caminhões particulares,
terceirizando a distribuição com
trabalhadores não sindicalizados, que os
vendem a menor preço. Sendo assim, nossa
organização apresentou ao Ministério do
Trabalho uma mudança em sua denominação, que
não foi aceita pela FEMSA, apesar de
ser totalmente legítima. A modificação foi
sugerida por precaução, já que a EMBOCEN
criou outras duas empresas com o objetivo de
esvaziar seus recursos. Além disso, sugerem
um reajuste salarial com base no sistema de
produtividade em lugar de um aumento geral
de salários. Se vendermos mais caixas,
teremos direito a uns centavos a mais e se
não fizermos isso, não há aumento.
-Qual é a situação atual?
-A EMBOCEN está modificando
unilateralmente as condições de trabalho.
Por exemplo, segundo informações de alguns
vendedores na quarta-feira 23, nos depósitos
situados nos chamados "setores vermelhos"*,
onde a empresa vendia produtos por um preço
especial, ela não o fará mais. Isso
significa que estes clientes vão adquirir os
produtos em qualquer outro lugar que lhes
ofereça um menor preço como, por exemplo, as
engarrafadoras da Coca-Cola vizinhas
-DIMPA e ABASA- que estão
invadindo o território da EMBOCEN de
maneira sistemática e sem que esta reaja.
-Quais são as ações que o STECSA adotará
diante desta situação?
-Planejamos duas medidas para a próxima
semana. A primeira é não usar a camisa do
uniforme e sim camisetas brancas com
diferentes dizeres, como por exemplo:
“A FEMSA não respeita o pacto coletivo
nem as condições de trabalho”.
“Coca-Cola Company é responsável,
conjuntamente com a FEMSA, por tentar
destruir o STECSA”.
“O direito à negociação coletiva está
garantido pela Constituição e pelas leis de
nosso país”.
A segunda, a ser coordenada com os
companheiros da distribuição, será colocar
mantas em cada caminhão dizendo:
“A FEMSA e a Coca-Cola permitem
que o território da EMBOCEN seja invadido
para destruir o Sindicato”
e
“Responsabilizamos a Coca-Cola
Company pelo que possa acontecer mais
adiante”.
Por outro lado, enviaremos à Procuradoria de
Direitos Sindicais e ao Ministério Público,
uma denúncia de que a partir do dia 8 de
maio passado, quando as negociações foram
suspensas, estão chegando pessoas
desconhecidas nos diferentes locais de
trabalho, com câmaras de vídeo e
fotográficas, passando-se por advogados ou
por fiscais do trabalho. O mais grave é que
estão entrando na fábrica às 3 ou 4 da
manhã. Em conseqüência, desde já
responsabilizamos o pessoal da FEMSA
e da Coca-Cola por qualquer dano que
os membros do sindicato possam vir a sofrer.
Em Montevidéu, Amalia Antúnez
©
Rel-UITA
31 de maio de 2007 |
|
|
|