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Brasil-Francia │ AVÍCOLAS │ SINDICATOS

Com Hélène Deborde

É criado o Comitê Internacional
dos Trabalhadores da DOUX

 

 

Está sendo realizada em Porto Alegre a Oficina Internacional dos Trabalhadores da Doux, com a presença da Federação Geral Agro-Alimentar (FGA-França), da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação (CONTAC), da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Estado do Rio Grande do Sul (FTIA-RG) e da Rel-UITA. O objetivo da Oficina é analisar conjuntamente a situação atual da empresa francesa Doux com suas unidades de produção tanto na Europa, principalmente na França, como no sul do Brasil.
 
 

Durante vários meses, a Doux Frangosul deixou de pagar aos produtores integrados, fornecedores dos seus frangos, e começaram a circular fortes rumores –mais tarde confirmados por representantes da própria empresa– de que a venda da empresa será inevitável por estarem atravessando uma importante crise econômica.

 
Soma-se a isso o fato de a
Doux Frangosul também estar pagando com atraso os salários dos trabalhadores de suas fábricas.


Diante dessa realidade crítica, a
Rel-UITA, junto à CONTAC e à Federação dos Trabalhadores da Alimentação do Rio Grande do Sul, organizou esta Oficina Internacional, que enfatiza a participação da FGA-França, onde está instalada a matriz da Doux.
 
Hélène Deborde, secretária federal e encarregada das Relações Internacionais Europeias da FGA, explicou que, na França, a
Doux emprega 3.400 trabalhadores e trabalhadoras em suas 13 fábricas e que possui um comportamento "antissocial."
 
Observou também que esta empresa não está filiada à Câmara Empresarial do setor, e que é a única que tem se recusado sistematicamente a assinar o Convênio Coletivo.

 
Já faz dois anos que não há aumento nos salários dos trabalhadores da
Doux, por falta de negociação. "Resumindo -disse Deborde- é o pior exemplo que se pode encontrar como modelo de relações entre empresas e trabalhadores."
 
Deborde também informou que as condições de trabalho são muito deficientes. Como exemplo, citou o caso de uma fábrica na qual, em 2010, de 262 funcionários, 230 apresentaram, em determinado momento, algum tipo de lesão.


 Denunciou como falsa a versão divulgada pela transnacional no Brasil, sobre as supostas dívidas que a empresa teria na França, e até mesmo afirmou que a Doux mentiu para os seus trabalhadores franceses, aos quais informou que seus empreendimentos no Brasil lhe geraram uma dívida de 170 milhões de euros. Fica claro que a empresa pratica o duplo discurso.

 
"Por isso -enfatizou a dirigente- é necessário fortalecer o intercâmbio dos sindicatos que no sul do Brasil representam a
DOUX junto à nossa Federação e à própria UITA, e temos que elaborar um plano de ação sindical para além das nossas fronteiras e dos nossos problemas locais".


 
Deborde agradeceu toda a cooperação que receberam da UITA, “permitindo a nossa participação nesta importante Oficina", e destacou como sendo muito positiva a criação do Comitê Internacional dos Trabalhadores da DOUX, "sendo um exemplo prático de solidariedade internacional que a UITA leva adiante em benefício dos trabalhadores e trabalhadoras da alimentação no mundo."

 

 

Em Porto Alegre, Carlos Amorín

Rel-UITA

19 de julho de 2011

 

 

 

   Foto: Carlos Amorín 

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