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República Dominicana

Com José Manuel Paulino
As duas caras da Nestlé

 

Após o fechamento da fábrica de sorvetes em Santo Domingo, no dia 19 de julho passado, os trabalhadores e trabalhadoras da Nestlé continuam sofrendo as conseqüências tanto em nível econômico como emocional. Sirel conversou com José Manuel Paulino, que foi secretário de educação do sindicato de sorvetes e trabalhou durante 8 anos na empresa.

 

-Como você vivenciou o fechamento da fábrica de sorvetes?

-A situação é de total incerteza, pois já fazia oito anos que eu trabalhava na Nestlé e este fechamento repentino, sem nenhuma considera-ção com os trabalhadores e trabalhadoras, deixou todos muito abalados. Alguns companheiros estão com depressão já que existem muitos que  -já passados três meses- ainda não conseguiram trabalho e estão literalmente na rua.

 

-Qual a sua opinião sobre a atitude da Nestlé?

-Foi um ato desumano dos funcionários administrativos da empresa porque, considerando o esforço que os empregados vinham fazendo desde 2005,   trabalhando em três turnos de segunda a segunda. Foi um esforço, feito em conjunto por todos os trabalhadores e trabalhadoras, para que a empresa fosse adiante e o que recebemos como retribuição foi este terremoto inesperado. Famílias inteiras estão na rua.

 

-Foi dito que a Nestlé relocou 25 por cento do pessoal em outras fábricas...

-Não foi assim. Relocaram as pessoas mais próximas do círculo da administração, foi simplesmente isso.

 

-Como as autoridades competentes atuaram –no caso o Ministério do Trabalho- diante desta situação?

-Assim que fizemos a denúncia ao Ministério, o secretário de Trabalho nos explicou que a empresa não podia ser reaberta. Ou seja, deu razão à empresa, deixando os trabalhadores desamparados.

 

-Que mensagem você daria aos trabalhadores e trabalhadoras da Nestlé no mundo?

-Que a Nestlé sempre teve duas caras, uma para os trabalhadores e os sindicatos e outra para a publicidade. Devemos manter a unidade para enfrentar a política lapidar desta multinacional, que não se importa nem um pouco em deixar os seus trabalhadores na rua.

 

 

Em Montevideo, Amalia Antúnez

Rel-UITA

4 de setembro de 2008

 

 

 

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