Com Rafael “Pepe” Abreu
Nestlé fecha e os trabalhadores
são os últimos a saber |
Rafael “Pepe”
Abreu, vice-presidente Executivo da Confederação Nacional da Unidade
Sindical (CNUS), enquanto
tratava de assuntos relativos a um conflito sindical na Secretaria de
Trabalho, soube que a Nestlé tinha fechado uma fábrica na República
Dominicana e deu o alerta.
Pepe tem uma
longa trajetória sindical, conhece a Rel-UITA por intervenções
anteriores em conflitos com a
Nestlé
e fica indignado ao observar que esta poderosa multinacional age de forma
sub-reptícia e tenta fechar as portas às escondidas e sem consideração com o
custo social de seus atos, nem a menor responsabilidade com os seus 136
trabalhadores.
-Qual é a
informação que você tem sobre a Fábrica de Sorvetes da
Nestlé?
-Há uns dias
circulava o rumor de que a empresa de sorvetes estava considerando a
possibilidade de fechar a fábrica e sair daqui baseando-se na suposição de
que esta fábrica na República Dominicana não seria rentável. É uma
empresa que vive mudando de um país a outro, de fechamentos e crises,
inclusive algumas vezes onde a Rel-UITA interveio. Sem ir muito
longe, teve que intervir no ano passado devido a demissões.
Agora estamos
diante de um dos atos mais desleais e controvertidos da empresa: um processo
de fechamento quase terminado, com a Secretaria de Trabalho já notificada e
com um sindicato na empresa que não foi formalmente comunicado do
fechamento.
Durante
gestões de outro conflito sindical, fiquei sabendo que a
Nestlé já havia enviado para a Secretaria um comunicado
sobre a demissão de 136 trabalhadores da fábrica, que -talvez- pudessem ser
remanejados, de acordo com os seus critérios, bem como os que vivessem em
San Cristóbal, onde a
Nestlé
elabora outros produtos.
-Qual foi a
sua reação?
-Imediatamente
informei à Rel-UITA, por meio do Bernabel Matos, e ao
presidente da Federação da Alimentação (FENTIAHBETA), Flaudio
Tapia. Estes procedimentos não são toleráveis nem mesmo pela Secretaria
de Trabalho, que deveria ter informado ao Sindicato já que a empresa não
tinha feito.
-Qual a reação
do sindicato?
-O sindicato
apresentará à gerência da empresa alternativas para que os trabalhadores não
sejam todos necessariamente despedidos e o sindicato destruído. Também foi
dito que, se a negociação não obtiver resultados positivos, deve ser
encaminhada à Secretaria de Trabalho a fim de ser encontrada uma solução.
Dar compensações aos
trabalhadores sem ao menos negociar, sem considerar no que implica a perda
do emprego, o simples pagamento de uma indenização não é suficiente diante
da perda do trabalho e da eliminação de um sindicato. Se o fechamento for
irremediável, devem-se buscar soluções que permitam salvar postos de
trabalho de várias maneiras como, por exemplo, a substituição de
trabalhadores terceirizados de outras fábricas pelos trabalhadores
despedidos.
-Como você
analisa estes fatos?
-Considero
alarmante uma situação deste tipo, onde há um convênio coletivo assinado com
um compromisso com os trabalhadores e um foro sindical. A empresa teria que
ter convocado o sindicato e discutido com ele no lugar de surpreendê-lo, em
especial quando a República Dominicana vive um momento difícil, como
tantos países, com o preço dos combustíveis e dos alimentos em uma alta
preocupante, uma empresa como a
Nestlé,
com grandes benefícios, fecha suas instalações. É inadmissível e
irresponsável!
-Gostaria de
fazer outro comentário?
-É importante
informar aos companheiros e também alertar a nível internacional. A
Rel-UITA tem o papel de ajudar a despertar os outros trabalhadores do
setor e de outros países e regiões e, na República Dominicana,
confiamos no seu papel, que deve ser acompanhado da busca por soluções a
nível local, que já começou com a iniciativa sindical de solicitar uma
reunião urgente.