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Parmalat de volta a Minas |  |    
Indústria 
de laticínio arrenda por 10 anos fábrica 
de longa vida em Frutal, no Triângulo. 
Objetivo da empresa é ampliar fabricação 
e distribuição de produtos lácteos em 
todo o país  
 A 
Parmalat 
volta ao mercado mineiro de leite, 
depois de se afastar durante a crise 
financeira mundial da marca, em 2003 e 
2004. A empresa anunciou que fechou 
contrato de arrendamento da fábrica de 
leite longa-vida da Cooperativa Mista 
dos Produtores Rurais de Frutal, no 
Triângulo Mineiro. O acordo vale por 10 
anos, com opção de compra no fim do 
período. A unidade produz 200 mil 
litros de leite por dia e vai ajudar a
Parmalat Brasil 
a ampliar a compra, fabricação e 
distribuição de lácteos no país. Antes 
de o grupo alimentício italiano afundar 
em escândalos mundiais de adulteração de 
balanço, a principal parceria em Minas 
era com produtores de leite da Zona da 
Mata.
 
 A decisão da 
Parmalat 
de expandir suas ações ocorre num 
momento muito favorável ao mercado de 
lácteos brasileiro. 
Depois de dois anos de crise de preço e 
dívidas, produtores e indústrias foram 
beneficiados no primeiro semestre por 
dois fatores internacionais. A demanda 
por lácteos subiu, principalmente em 
países asiáticos e no Leste europeu. Ao 
mesmo tempo, problemas climáticos 
afetaram grandes regiões produtoras e 
houve redução da safra leiteira. 
O resultado dessa equação foi o aumento 
no preço do leite no exterior e no 
Brasil. Cálculos do Centro de 
Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), 
que monitora os valores semanalmente, 
identificaram reajustes de 
aproximadamente 25% no valor de janeiro 
a junho.
 
 Com o arrendamento da fábrica de Frutal, 
a 620 quilômetros de Belo Horizonte, 
próximo à divisa com São Paulo, a 
Parmalat Brasil 
passa a controlar sua primeira unidade 
no maior estado produtor de leite do 
Brasil. Técnicos da empresa vão avaliar 
a fábrica do Triângulo nos próximos 60 
dias para acertar os últimos detalhes 
jurídicos do investimento. “A iniciativa 
também faz parte do nosso programa de 
cooperação com pequenos produtores, que 
visa a ampliar a produtividade e a 
qualidade do leite”, disse, em nota 
divulgada à imprensa, o vice-presidente 
da Parmalat Brasil, Othniel 
Lopes.
 
 Para o diretor da cooperativa de Frutal, 
João del-Rei, o acordo será benéfico 
para os pecuaristas da região. “Isso 
traz uma tranqüilidade e mercado para a 
produção”, comentou. Nos últimos 15 
anos, a região do Triângulo se 
transformou, ao lado do Alto Paranaíba, 
na principal bacia leiteira de Minas, 
posto antes pertencente ao Sul e Zona da 
Mata. Segundo dados o Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 
o 
estado foi responsável por 28% do leite 
produzido no país no ano passado, o que 
correspondeu a 7,2 bilhões de litros. 
É esperado crescimento de 3% este ano, 
mas no primeiro trimestre houve queda de 
11% na safra.
 
 “As empresas estão apostando, mesmo com 
o câmbio desvalorizado, que os preços 
externos permaneçam por algum tempo 
firmes”, diz Eduardo Dessimoni, 
presidente da Comissão Técnica da 
Pecuária de Leite da Federação da 
Agricultura e Pecuária do Estado de 
Minas Gerais (Faemg) e 
coordenador da Câmara Setorial de 
Bovinocultura de Leite no estado. 
Segundo ele, o momento é bom para 
melhorar a capacidade de produção. 
Muitas fábricas e unidades de 
processamento de laticínios instaladas 
no Sul do país e no Centro-Oeste em 2003 
e 2004, chegaram a ficar quase ociosas 
nos dois anos seguintes de crise, mas 
agora surgem com força na disputa pelo 
mercado nacional.
   
Rafael Alves 
Jornal Estado de Minas 
8 de 
outubro de 2007
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