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Avicultores discutem dificuldades e perspectivas para o setor

 

 

A Comissão de Economia e Desenvolvimento Sustentável, presidida pelo deputado Heitor Schuch (PSB), reuniu avicultores, sindicalistas e representantes de entidades rurais em audiência pública na manhã desta quarta-feira (10) para discutir os problemas e perspectivas do setor avícola no Rio Grande do Sul e, em especial, as conseqüências da fusão das empresas Sadia e Perdigão. Os participantes manifestaram preocupação com a possibilidade de demissões e relataram atrasos por parte de algumas empresas no pagamento de lotes aos produtores.

 

Os avicultores também pediram apoio à negociação com agentes financeiros quanto ao vencimento de parcelas de custeio e investimentos que venceram ou que estão vencendo agora, e apontaram dificuldades com a Instrução Normativa 56, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que trata das distâncias e dos limites em relação à construção de novos aviários.

 

Conduzida pelo deputado Heitor Schuch, a discussão contou com as presenças dos deputados Edson Brum (PMDB), Adão Villaverde (PT) e Marquinho Lang (DEM) e do ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, atual presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), que reúne 27 associados no País.

 

Situação da avicultura

 

Na avaliação de Turra, a avicultura passou quase incólume pela crise mundial, tendo sofrido um mínimo de cortes, se comparada a outros setores. O impacto foi sentido num primeiro momento: "Estávamos crescendo 18% em receita e produção, aí chegou outubro e a produção caiu em média 70 mil toneladas ao mês", disse ele, garantindo que o país conseguiu se organizar e retomar o crescimento. Segundo o ex-ministro, o Brasil é responsável por 37% das exportações de carne de frango do mundo, o que o coloca como o maior exportador. Um terço da produção total, afirma, vai para o mercado interno. Ainda segundo Turra, nos últimos 11 anos, a produção cresceu em média 8,5% ao ano, atingindo 11 mil toneladas no ano passado. Já a exportação cresceu em média 15% ao ano nos últimos oito anos. O estado que mais exporta, ainda conforme dados apresentados pelo ex-ministro, é Santa Catarina (411 mil toneladas de janeiro a maio de 2009), seguido do Paraná (390 mil toneladas) e do Rio Grande do Sul (312 mil toneladas).

 

Para Francisco Turra, a fusão da Sadia e da Perdigão não representa uma ameaça nem deve ser vista como algo negativo. Pelo contrário: segundo ele, a quebra da Sadia representaria para o Brasil o mesmo que a quebra da GM para os Estados Unidos. Ele acredita que o grande cuidado que o Brasil deve ter é com relação ao tema da sanidade, "uma vez que a qualidade do frango brasileiro é indiscutível". O país, na sua opinião, precisa estar permanentemente atento para essa questão a fim de que um simples boato ou mudanças nas legislações de outros países não promovam estragos.

 

Momento delicado


O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Luiz Fernando Roman Ross, ponderou que a avicultura atravessa um momento delicado e destacou que 18% das carnes consumidas na China são carnes de frango e que há condições de o Brasil ampliar esse mercado. Para isso, defendeu ele, é preciso que o setor se una, amparado pelos governos estadual e federal, que "têm compromissos sociais e de sustentabilidade". Conforme Roman, a receita bruta anual do setor é estimada em R$ 7,2 bilhões; em 2008, a exportação brasileira de carne de aves foi de U$ 1,4 bilhão (ou 775 mil toneladas).

 

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação (Contac), Siderlei Silva de Oliveira, registrou que o setor avícola é um dos mais produtivos no país, mas também o que mais adoece. Segundo ele, 25% dos trabalhadores do setor sofrem de LER ou outros problemas decorrentes da forma de produção, caracterizada por baixos salários e alto ritmo de trabalho.

 

Também da Contac, José Modelski Jr. relatou casos de demissões e exploração de trabalhadores, reforçou a preocupação com o problema das doenças ocupacionais e apontou os baixos preços pagos aos produtores, além de irregularidades envolvendo os trabalhadores responsáveis pela coleta de frango nas granjas. Segundo ele, grande parte desses trabalhadores são menores de idade, sem carteira assinada. Gilberto Zanatta, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Encantado, abordou atrasos nos pagamentos a produtores por parte das empresas e criticou a Instrução Normativa 56.

 

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Elton Weber, manifestou otimismo com os números do setor, mas também se declarou preocupado com a situação dos trabalhadores. Com relação à fusão da Sadia e da Perdigão, disse que está sendo criado um monopólio "que pode não ser de todo bom". O vice-presidente da Fetag, Sérgio de Miranda, lembrou que o Banco do Brasil e o Sicredi informaram que, em 2009, vencerão R$ 89 milhões em financiamentos feitos pelos avicultores e que grande parte deles não terá condições de pagar esses valores por não terem sido pagos pelas empresas.

 

Fusão


A fusão das empresas Sadia e Perdigão foi anunciada no dia 19 de maio pelos seus presidentes, e deu origem à Brasil Foods (BRF).
A empresa já nasceu como a terceira maior produtora de carnes do mundo, atrás apenas da americana Tyson Foods e do frigorífico brasileiro JBS-Friboi. Será também a terceira maior exportadora brasileira, atrás de Petrobras e Vale do Rio Doce.

 

Marinella Peruzzo

Assembléia Legislativa del Estado de Rio Grande do Sul (10/06/2009)

 

 

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