A transnacional avícola Perdigão, que anunciou recentemente
a sua fusão com a Sadia, mantém uma forte política de
terceirizações e a ameaça de que um número significativo de
trabalhadores e trabalhadoras perderá o emprego assim que o
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)
-autarquia federal que regula as atividades monopólicas-
aprovar essa fusão.
Em diálogo com Sirel ", Carlão, presidente do
Sindicato
dos Empregados em Empresas de Industrialização Alimentícia
de São Paulo e Região (SINDEEIA), comentou que estão
organizando uma série de mobilizações, incluindo greves e
assembléias, com o objetivo de negociar melhores condições
de trabalho, e também para solicitar que a transnacional
revise a sua política de contratações. Neste marco, dia 15
de setembro passado SINDEEIA paralisou a unidade
industrial da Perdigão em Itapecerica da Serra - SP.
"Com a fusão entre a Perdigão e a Sadia no
Brasil e a criação da
Brasil Foods
(BRF),
estamos observando um processo onde os salários e benefícios
dos trabalhadores estão sendo nivelados por baixo. Além
disto, é preciso acrescentar que uma vez que a fusão for
feita, é bem possível que comecem as demissões, como já
aconteceu com outras fusões ", disse Carlão.
Diante destas perspectivas, o SINDEEIA começou a
mobilizar os trabalhadores e no dia 15 de setembro passado
paralisamos o Centro de Distribuição (CD) da
Perdigão
da região de Buguaçu, Itapecerica da Serra, São Paulo.
Paralisamos as atividades para protestar contra a
terceirização e escolhemos começar por este CD,
pois dos 700 funcionários que trabalham lá, 400 são
terceirizados.
Na segunda-feira 21, na reunião que tivemos com a empresa,
os diretores se mostraram surpresos com a situação precária
dos trabalhadores neste Centro de Distribuição, o que nos
pareceu pouco credível. Em relação à nivelação dos
benefícios e salários, a patronal se comprometeu a analisar
a proposta do SINDEEIA, para então voltar a
negociar”.
-Vocês têm uma data para uma nova reunião com a Perdigão?
-Por
enquanto aguardaremos
a primeira rodada de negociação sindical de base da
Perdigão,
para então coordenar uma nova reunião e voltar a tratar
desta questão com a empresa.
-Há outras ações sindicais?
-Sim, várias mobilizações mais nas diferentes unidades
industriais da
Perdigão,
como forma de conscientizar os trabalhadores sobre esta nova
realidade que paira sobre eles.
Mas, principalmente para chamar a atenção do governo, que é
o maior promotor desse modelo que privilegia o GRANDE
e se apoia na criação de corporações que são verdadeiros
monopólios.
O presidente Lula apoia as fusões, porque considera
que desta forma o Brasil terá um melhor
posicionamento no mercado internacional. Para nós, a criação
destas megaempresas são sempre experiências devastadoras
para os trabalhadores e consumidores.
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