No mês de
maio passado, finalmente se concretizou a fusão entre as
duas grandes produtoras avícolas do Brasil: a Sadia e a
Perdigão agora são Brasil Foods (BRF). Desde então, os
trabalhadores e trabalhadoras do setor analisam as possíveis
consequências desta união que posiciona esta nova companhia
como a maior exportadora de frango do mundo, dominando 80
por cento do mercado brasileiro.
Sirel
conversou com Elton Weber, presidente da Federação
dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul (FETAG-RS),
que comentou que as duas principais preocupações dos
trabalhadores do setor são: o domínio do mercado por uma
única empresa e a exclusão de pequenos e médios produtores
deste processo de fusão.
-Qual a sua opinião sobre a fusão entre a Sadia e a
Perdigão, e como isto vai afetar os pequenos e médios
produtores de frango?
-Esta é uma situação que nos preocupa muito, da mesma forma
como ficamos preocupados no passado com a fusão de empresas
de laticínios. No caso destas empresas avícolas, 80 por
cento do segmento de frango passará a ser um monopólio e, no
curto ou médio prazo, o que vai acontecer é que pequenos e
médios produtores serão prejudicados, já que esta fusão vai
dominar completamente o mercado, tanto em nível de comércio
interno como no caso da exportação.
-Como é o processo entre os criadores de frango e as
avícolas?
-Este é um processo que se denomina Integrados, onde
a empresa fornece pintos de um dia e ração para os
produtores, e depois buscam o frango. Aqui surge outra
grande preocupação da Federação, pois geralmente nestes
casos de concentração na produção, o que acontece depois de
certo tempo é se começar a fazer uma classificação dos
produtores, onde muitos são excluídos.
-Quanto a
Sadia e a
Perdigão
pagam pelo frango atualmente? Você acha que a fusão afetará
também este aspecto?
-Não há um preço fixo, mas estão pagando entre 20 e 30
centavos de real (de 10 a 15 centavos de dólar) pela criação
de cada frango. Provavelmente este valor sim seja afetado,
pois quem domina o mercado impõe os preços e essa é uma
realidade.
-Quantos produtores abastecem a
Sadia e a
Perdigão
no Rio Grande do Sul?
-Não temos dados unicamente do Rio Grande do Sul, mas se
sabe que há mais de 15.000 famílias que produzem frango para
estas companhias nos três estados do Sul: Santa Catarina,
Rio Grande do Sul e Paraná que, sem dúvida, serão afetadas.
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