Com Jorge
Cáceres
Demissões arbitrárias
em
Cervepar
Trabalhadores da filial paraguaia da maior cervejaria do
mundo, AB-InBev, denunciaram perseguição, maus-tratos e a
demissão sem justa causa de dois companheiros filiados ao
Sindicato dos Trabalhadores da Cervejaria Paraguaia (SINTRACERVEPAR). O
Sirel dialogou com Jorge Cáceres, secretário-geral do
Sindicato, que comentou sobre a atual situação das relações
entre a companhia e o sindicato.
-Qual é a
situação na empresa Cervecería Paraguaya SA?
-Desde
novembro do ano passado, a companhia iniciou uma perseguição
antissindical explícita, usando de maus-tratos, provocações,
suspensões e demissões de trabalhadores sem justa causa.
Soma-se a isto o descumprimento de várias cláusulas do
contrato coletivo que assinamos no dia 11 de janeiro de
2010, após 10 anos sem chegar a um acordo.
Além disso, é
preciso considerar também a situação dos trabalhadores da
distribuição, que são terceirizados e trabalham em condições
desumanas, sem contar com nenhum tipo de garantias ou
direitos.
-Como é
feita a perseguição sindical na empresa?
-Por
exemplo, desde novembro passado, a empresa retém a
contribuição sindical, uma situação que começou a perturbar
as relações com a gerência.
No mês seguinte, 60
trabalhadores foram suspensos por um período de 1 a 3 dias,
porque no dia 08 de dezembro, um feriado nacional no
Paraguai, não foram trabalhar.
O mais
preocupante é que há poucos dias demitiram dois
trabalhadores filiados ao Sindicato, sem justa causa e
solicitaram uma suspensão de oito dias, para
René Oviedo,
um membro da junta diretora da nossa organização, por ter
usado o seu direito a foro sindical.
Este é outro
dos absurdos da Cervecería
Paraguaya SA, que visa a
dizimar o nosso Sindicato.
-A partir
de quando a relação com a patronal vem piorando?
-A relação
entre o Sindicato e a empresa tem piorado particularmente
desde que Adrián Lachowski
assumiu o cargo de
gerente-geral, no ano passado.
Este senhor,
que anteriormente gerenciava o setor de vendas da companhia,
assumiu uma postura totalmente intransigente, negando-se a
negociar, a ouvir os trabalhadores, gerando mais tensões nas
já frágeis relações com a companhia.
-Que
medidas foram tomadas diante desta postura?
-Em relação
aos maus-tratos sofridos por alguns companheiros, por parte
da gerência, fizemos uma denúncia à Comissão de Direitos
Humanos e, com relação às demissões, suspensões e à situação
dos trabalhadores da distribuição, o fizemos junto ao
Ministério do Trabalho.
O último
caso, o dos trabalhadores terceirizados, está bastante
avançado e é provável que a companhia seja multada por
violação das leis trabalhistas.
Da mesma
forma, o Sindicato solicitou uma reunião com a empresa para
negociar e tentar reverter as demissões em nível bilateral.
Além disso,
no dia 8 de junho, coincidindo com a visita do diretor para
América Latina da
AB-InBev, Bernardo Paiva, realizamos
uma manifestação em frente à fábrica, denunciando os abusos
da gerência na filial paraguaia da maior cervejaria do
planeta.
-A empresa
se manifestou a respeito?
-Até agora
tem respondido com evasivas, adiando a reunião. De qualquer
forma, eles ainda têm cinco dias para responder. Passado
esse tempo, se eles não o fizerem, citaremos a empresa via
Ministério do Trabalho.
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