A
Bunge Alimentos
se instalou no Cerrado do Piauí no ano de 2003 com todo apoio do governo do
Estado. De pronto foi-lhe concedido uma isenção fiscal de 15 anos que causa um
prejuízo de 200 milhões de reais em cada ano ao Piauí. Para que o Governador e
políticos envolvidos no caso pudessem justificar o vergonhoso ato foi montado um
discurso -canto de seria- para ludibriar a população. O argumento utilizado é
sempre o mesmo: geração de emprego, como se isso justificasse a destruição dos
recursos naturais, caos social e o prejuízo financeiro. A argumentação era de
que seriam gerados 10 mil empregos indiretos e 517 empregos diretos na fábrica.
Cinco anos depois é fato consumado de que nada disso aconteceu. Mas a empresa
continua com os incentivos fiscais.
A
Bunge não produziu os estudos e relatórios de impactos
ambientais devidos. Mesmo assim foi autorizada a iniciar as atividades. Com o
aval do IBAMA e do Governo do Estado lançou mão da fonte energética mais
fácil e barata, a lenha nativa do Cerrado. Por conta desta situação e mediante
um parecer do professor Álvaro Fernando de Almeida da ESALQ/USP a
Fundação Águas juntamente com os Ministérios Públicos Federal e Estadual
ajuizaram ação civil pública na Justiça Federal contra a
Bunge
e o Governo do Piau, empresa Graúna e IBAMA.
Um Termo de Ajustamento de
Conduta – TAC foi homologado entre as partes da qual a Fundação Águas recorreu.
No dia 5 de março de 2008 o TRF 1a. Região proferiu decisão do recurso da
Funaguas e por unanimidade cancelou o famigerado TAC.
Por conta da posição da
Funaguas em defesa da vida e do meio ambiente, a
Bunge, os produtores e o Governador WD desenvolvem
uma conduta de hostilidades e ameaças contra o ambientalista Judson Barros.
Esta situação teve seu ápice numa manifestação ocorrida em Uruçuí e promovida
pela empresa, representantes do governo, políticos locais e empresários do ramo
do agronegócio. Nesse ato bonecos foram amarrados pelo pescoço e queimados em
praça pública como representação do ambientalista. Mais recentemente, através do
site de relacionamento ORKUT um grupo de empresários da cidade de Floriano
enviaram mensagens de ameaças ao ambientalista; por ocasião da Romaria da Terra
e da Água em Uruçuí, onde o ambientalista se pronunciou numa manifestação
pública mais ameaças foram direcionadas, dessa vez aos portais de notícias da
Capital: “o ambientalista Judson Barros merece ser amarrado pelos “ovos”
de cabeça para baixo e comer capim”. Em nenhum dos casos o Estado tomou qualquer
providência.
A empresa
Bunge Alimentos
a título de intimidação promoveu cinco processos contra o ambientalista. Um
criminal, onde utilizou o empregado Valmir Romani na promoção da ação,
este alegando calúnia e difamação. “Nunca vi esse “cidadão”. Em outros quatro na
vara civil, a empresa pede 2 milhões de reais de indenização por danos morais.
Como se tudo isso ainda fosse pouco o Governador Wellington Dias se
utiliza da máquina do Estado para promover terrorismo contra a minha pessoa. Nas
vésperas do julgamento da ação no TRF em Brasília, mandou seu Secretário de
Fazenda montar um Tribunal de Exceção com o objetivo de promover mais retaliação.
A idéia de perseguição é no sentido de fazer com que o individuo se dobre aos
seus interesses.
A situação de insegurança ronda
o Cerrado. O Governo adota a postura Lula: “não sei de nada”. Em Uruçuí
as hostilidades são evidentes: “O Chico Mendes do Piauí está na cidade”.
Para piorar essa situação o Governador Wellington Dias (PT) em reunião
acontecida no dia 28 de março em Uruçuí, na presença de empresários e militantes
do seu partido, disse efusivamente que a situação de desespero e o prejuízo que
amargam os empresários é culpa do ambientalista Judson Barros.
A afirmação do Governador
representa uma atitude irresponsável e premeditada. Não foi qualquer pessoa
proferindo tal afirmação, foi o Governador do Estado. É possível concluir que o
Governador quis dar a entender que os produtores de soja podem tomar a decisão
que quiserem, pois ele também e favorável.
Não pretendo ser nenhum
Chico Mendes, tampouco ser assassinado e os órgãos estatais montarem uma
versão de suicídio. Minha integridade física depende do Estado, perpassa
interesse de qualquer governador. Mas na atualidade, qualquer que seja a
violência que possa ser cometida contra a minha pessoa diz respeito como também
é da responsabilidade do governador Wellington Dias. Uruçuí é a minha
cidade. Falo em nome de muitos que não podem falar. Não é a intimidação que vai
me calar.
O Cerrado está um barril de
pólvora pronto a explodir por culpa única e exclusivamente do governador WD.
As estradas e pontes prometidas em campanha eleitoreira, para escoamento da
produção, não são da responsabilidade do movimento ambientalista, diz respeito
ao Governo. A situação é grave porque o tempo de desenvolvimento a qualquer
custo já passou. Pena que o governador, os sojeiros e a
Bunge ainda não entenderam isso.