compañías

Enviar este artículo por Correo ElectrónicoCargill                    

     Brasil

 

Morte na Seara/Cargill

A empresa modifica o local da tragédia

 

Poucas horas depois da morte de Marcos Antônio Pedro, a Seara/Cargill ordenou que fossem incorporados vários itens de segurança ao tanque onde ocorreu a tragédia. O Sindicato não pôde participar das perícias executadas pelos órgãos judiciais e trabalhistas porque seus representantes não foram autorizados a entrar na fábrica.

 

 O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação de Sidrolândia-MS (SINDAVES) denunciou, no dia 30 de março, sexta-feira passada, que a Seara/Cargill modificou completamente o local onde ocorreu o acidente de trabalho que, dois dias antes, custara a vida de Marcos Antônio Pedro, um jovem operário de origem indígena, pai de três filhos, que morreu triturado enquanto limpava uma máquina em péssimas condições de segurança.

 

Enquanto Marcos Antônio ainda estava com vida, embora preso pelo eixo sem-fim (chiller) que leva os frangos até o tanque de resfriamento, os mecânicos quiseram cortar o tanque por baixo para retirá-lo diretamente, mas o pessoal do controle de qualidade da empresa ordenou que fosse invertido o sentido de rotação do eixo sem-fim, fazendo com que Marcos Antônio fosse literalmente cortado ao meio. Resta saber se a intenção dessa ordem, que arriscava a vida do operário, não foi simplesmente para evitar a suspensão da produção enquanto fosse reparado o tanque que seria cortado.

artigo relacionado

29-3-2007   Brasil

Cargill: a feira dos horrores

Quando trabalhar é apostar a própria vida

Por Carlos Amorín

 

Clodoaldo Fernandes Alves, vice-presidente do SINDAVES e auxiliar de inspeção geral da Seara/Cargill, poucas horas depois da tragédia “o local foi totalmente modificado: cortaram os pés do tanque porque, antes, para não bater com a cabeça na parte superior tinha-se que andar meio agachado e a pessoa ficava bem na beirada do tanque sem nenhum tipo de segurança. Esse desnível muito marcado facilitou a queda de Marcos. Além disso, colocaram chapas de proteção de aço inoxidável em torno do tanque, uma medida de segurança que nunca existiu”.

 

Para Sérgio Bolzan, integrante da secretaria executiva da Federação dos Trabalhadores da Alimentação de Mato Grosso de Sul, e presidente do SINDAVES, “Isto representa uma adulteração da ‘cena do crime’, já que ainda não dispomos do resultado da perícia realizada pela Polícia Técnica Estadual, o que demorará um mês”. Bolzan destaca que “Vindo da Seara/Cargill, nada mais nos surpreende, uma vez que ela é capaz, até, de despedir trabalhadores com lesões causadas pela própria empresa, mandar para casa operários a ponto de serem operados, e insistir na subnotificação de acidentes de trabalho para evitar as indenizações por lesões e mutilações. O que poderíamos esperar em um caso como este, no qual terá que pagar uma enorme indenização à família de Marcos Antônio?”.

 

Vários técnicos do Ministério do Trabalho estiveram presentes no lugar, mas o SINDAVES ainda não foi informado do resultado da inspeção. “O Ministério do Trabalho notificou o Sindicato para acompanhar a perícia, mas a direção da empresa nos impediu a entrada na fábrica. Imediatamente registramos a denúncia no Ministério Público e estamos seguindo de perto o processo para que a empresa seja responsabilizada pelo assassinato que cometeu e a família seja indenizada corretamente”, acrescentou Bolzan.

 

Outro ponto de preocupação do Sindicato se deve a que, imediatamente após o trágico acontecimento, um conhecido “e pouco recomendável” diretor do sistema de “Segurança” da Cargill foi visto no departamento de Recursos Humanos da fábrica de Sidrolândia, o que prenuncia maiores confrontações em torno deste tema.

 

 

Rel-UITA

11 de abril de 2007

 

Baseado em informações do Portal Mundo do Trabalho

 

   

  UITA - Secretaría Regional Latinoamericana - Montevideo - Uruguay

Wilson Ferreira Aldunate 1229 / 201 - Tel. (598 2) 900 7473 -  902 1048 -  Fax 903 0905