Uruguay

Com Gustavo Sotelo

A tese sindical prevaleceu na Montevideo Refrescos S.R.L.

Algumas semanas atrás, disparou um sinal de alarme: a Coca-Cola pretendia incorporar e terceirizar o setor de sopro das garrafas PET . A participação  da UITA  nesse conflito foi uma medida de autodefesa, já que representa a maioria dos trabalhadores da Coca-Cola no mundo, sendo que esta medida, que pretendiam aplicar no Uruguai, afetaria a todos.

 

 

“A Cristalpet instalará uma de suas máquinas de sopros na unidade de produção da Montevideo Refrescos S.R.L”.

 

Após várias instâncias de negociação e propostas formuladas, as partes concordam que essa máquina de sopro será operada da seguinte forma:

 

- 1 operário por turno de trabalho na função de sopro, podendo ser selecionado entre os trabalhadores contratados pela Cristalpet e que passará a fazer parte da planilha da Montevideo Refrescos SRL

- 1 operário por turno de trabalho na função de etiquetagem, sendo selecionado entre os trabalhadores atualmente contratados pela Montevideo Refrescos S.R.L. Estes trabalhadores serão treinados pelo pessoal da Cristalpet, a partir do momento  em que a máquina estiver em funcionamento e durante um período de 120 dias consecutivos.

- 1 operário por turno, na função de controle de qualidade, sendo selecionado entre os trabalhadores atualmente contratados pela Montevideo Refrescos S.R.L. Estes trabalhadores serão treinados pelo pessoal da Cristalpet, a partir do momento em que a máquina estiver em funcionamento e durante um período de 120 dias consecutivos.

 

Os salários que estes trabalhadores receberão serão os vigentes para o laudo da bebida, tomando por base os valores que surjam aprovados na nova avaliação de tarefas."

 

 

 

Isso resume a ata elaborada na quarta-feira passada, dia 21, no Ministério do Trabalho e da Previdência Social formalizando o acordo alcançado entre a Montevideo Refrescos, o Sindicato dos Trabalhadores da Coca-Cola (STCC) e a Federação de Trabalhadores da Bebidas (FOEB), pondo fim à controvérsia criada pela empresa ao pretender instalar em sua linha de produção uma máquina de sopro - que produz garrafas PET – pertencente a outra empresa (Cristalpet) que operaria com pessoal próprio.

 

Para saber sua opinião sobre este acordo, o Sirel entrevistou Gustavo Sotelo, presidente do STCC.

 

- Comecemos pelos antecedentes?

- A partir do momento em que a empresa anunciou sua intenção de passar a operação da máquina de sopro para o pessoal de outra empresa, o Sindicato se manifestou contra, não só por causa da perda de alguns postos de trabalho, mas porque era contra que, na linha de produção, trabalhassem ao mesmo tempo os operários da Coca-Cola e de outra empresa. Por outro lado, além da conhecida posição do Sindicato contra a terceirização, argumentávamos que – agora que estávamos discutindo a produtividade- não podíamos aceitar que nela incidissem trabalhadores externos.

 

Como era de se esperar, diante desta tentativa de terceirização, a posição tomada pelo STCC contou com o apoio da FOEB, do PIT-CNT (Central dos Trabalhadores do Uruguai) e da própria UITA. Até a Secretaria Regional da UITA enviou um relatório detalhado à Secretaria-Geral fundamentando a sua posição, cujo destino final era a sede da Coca-Cola, em Atlanta.

 

-Qual a importância para vocês das várias ações adotadas visando encontrar uma solução para o conflito?

-Na FOEB havia dois antecedentes importantes, um na Fábrica Nacional de Cerveza e outro na MILOTUR SA (Nativa), onde se tentou implementar, sem resultado, a mesma terceirização que a Coca-Cola pretendia fazer agora.

 

Também pesou muito a posição e o apoio da UITA e da Federação Latino-Americana de Trabalhadores da Coca-Cola (FELATRAC). Finalmente reunidos no Ministério do Trabalho, e vendo que não se chegava a nenhum acordo entre as duas partes, a Direção Nacional do Ministério do Trabalho apresentou uma proposta - que contemplava as aspirações do Sindicato - que acabou sendo aprovada.

 

-Quais são as expectativas do Sindicato ao término desta etapa?

-Destacar o triunfo do Sindicato, apoiado por todas as organizações acima mencionadas, em uma negociação onde obtivemos tudo o que aspirávamos. Mas ainda temos um caminho a percorrer e, neste sentido, esperamos que a empresa atenda a nossa solicitação para que comece a funcionar um departamento de relações trabalhistas, onde as opiniões do Sindicato sejam levadas em conta.

 

Estamos confiantes de que a existência desse departamento, funcionando como propusemos, teria evitado este último conflito.  

Ruben Sanchez, vicepresidente, y Gustavo Sotelo, presidente del STCC

Em Montevidéu, Enildo Iglesias

Rel-UITA

28 de outubro de 2009

Enildo Iglesias

 

 

 

 

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