Pausa na indústria
não é unanimidade
Apesar de a Norma Regulamentadora (NR) 17, de 1978,
prever a concessão de pausas "nas atividades que exijam sobrecarga
muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros
superiores e inferiores", funcionários de frigoríficos avícolas relatam
dificuldades até mesmo para ir ao banheiro.
De acordo com o auditor fiscal do Trabalho e
coordenador do Projeto de Fiscalização de Frigoríficos no Rio Grande do
Sul, Ricardo Brandt, o não cumprimento dessa regra é
considerado uma infração de nível 4 (a escala vai de 1 a 4) e a multa
nesses casos é de R$ 6,5 mil. A luta dos órgãos fiscalizadores e
sindicatos é conseguir introduzir pausas de dez minutos a cada 50
minutos trabalhados. Mas a tarefa não é fácil, pois há temor pela
redução no rendimento.
A expectativa, tanto de representantes das indústrias como dos
trabalhadores, é que a situação melhore com a edição de uma norma
específica para o setor frigorífico - a NR 36.
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
realizou consulta pública sobre o tema no segundo semestre do ano
passado, formou comissão tripartite, mas a demora na publicação deve-se
a conflitos de interesse, aposta Brandt. Segundo o presidente da
CONTAC, Siderlei de Oliveira, que integra a
comissão, a NR 36 deve sair até outubro, se as negociações com as
indústrias avançarem.