CHILE | GREVE
Nestlé Chile:
Valor
compartilhado? |
Valor
Compartilhado é um termo cunhado pelos propagandistas da Nestlé, definido
por eles como o crescimento baseado em práticas socialmente responsáveis,
considerando o impacto ambiental e os benefícios de todos os envolvidos,
-tanto consumidores, como trabalhadores e produtores-, além é claro dos
acionistas. No Chile, como em outros lugares do mundo, a realidade é
diferente.
A Nestlé iniciou suas operações no
mercado chileno em 1934, há mais de 70 anos, especificamente no sector
leiteiro. Hoje é uma das empresas líderes no país, com sete centros
produtores e marcas como Nido, Savory, Maggi e
Nescafé entre outras.
Em seu Complexo Industrial Macul, onde se
elaboram iogurtes e sobremesas, trabalham 1.200 pessoas, das quais 450
integram o Sindicato nº4, 80 são membros do Sindicato da área de vendas e
270 integram o Sindicato Nº1 da área de sorvetes.
O Sindicato N º 4 de Trabalhadores começou
a negociação de um novo convênio coletivo com a apresentação, em 16 de maio,
da lista de reivindicações para o período 2011-2013.
Nas reivindicações, que compõem a lista,
reclama-se uma equiparação salarial para 300 dos 450 filiados ao Sindicato,
considerando que ganham menos de 400 dólares (600 reais) por mês, enquanto o
restante recebe cerca de 600 dólares (900 reais).
Além disso, reivindica-se um aumento
salarial de 10 por cento para o primeiro ano e de 7 por cento para o
segundo, somado ao IPC correspondente a cada ano. Por outro lado,
solicita-se um Bônus por Término de Negociação 1
equivalente a 1.000.000 pesos chilenos (aproximadamente 3.000 reais).
Em 26 de maio, vencido o prazo estipulado
por lei para a etapa de negociação direta, a empresa entregou um documento,
respondendo à lista de reivindicações, que não atendeu às expectativas nem
às necessidades dos trabalhadores.
Um dos itens da resposta que mais preocupa
é a exclusão de 80 trabalhadores do alcance das negociações, argumentando
que eles estão cobertos por um convênio assinado com uma comissão
negociadora. Argumento que carece de fundamento e viola claros princípios
da OIT contidos nos convênios assinados pelo Chile.
Com relação ao salário, é oferecido um
aumento irrisório de apenas 3,5 por cento distribuído pelos próximos três
anos -sem aumento no quarto ano- além do IPC correspondente a cada ano. O
aumento proposto não satisfez o Sindicato, que continua mantendo sua posição
de que o convênio deve ter uma validade de dois anos.
Após uma série de reuniões, conseguiu-se
reverter a situação dos 80 trabalhadores excluídos, mas a empresa começou a
alongar a discussão dos pontos mais importantes. Considerando que, por lei,
as partes tinham até 30 de junho para chegar a um acordo. Diante desta
situação, o Sindicato se viu obrigado a tomar algumas medidas de pressão.
Em 20 de junho, houve paralisações de 15
minutos por turno. Naquele mesmo dia, o Sindicato realizou gestões junto ao
Ministério do Trabalho, prevendo que, dependendo da resposta dada pela
empresa, em 29 de junho deveriam fazer uma assembleia para declarar a greve.
Na terça-feira 28 de junho, os
trabalhadores bateram com suas colheres contra as mesas do refeitório na
hora do almoço, medida que gerou um grande impacto na direção.
No dia da assembleia, uma ampla maioria
dos trabalhadores votou a favor da greve. A partir de agora, se a empresa
decidir recorrer a essa lei chilena denominada "Buenos Oficios", as partes
têm prazo até 6 de julho para chegar a um acordo, caso contrário, no dia
seguinte começará a greve.
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Em
Montevidéu, Daniel
García
Rel-UITA
7 de
julho de 2011 |
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1 - Bônus por Término de
Negociação Coletiva: compensação que é dada a cada trabalhador, após
finalizada uma negociação coletiva para minorar os danos que possam
surgir durante este processo.
Foto e Vídeo: Sindicato n.º4
dos Trabalhadores do Complexo Industrial Macul - Nestlé
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