Quem manda prender é a Aracruz que tem o domínio
econômico na região”. A afirmação é do advogado Isaias
Santana, do Conselho Estadual de Direito Humanos do
Espírito Santo. No último dia 09 foram presos quinze
indígenas dos povos Tupinikim e Guarani e sete
não-índios no município capixaba de Aracruz. A acusação
era de retirada ilegal de eucalipto de uma área de
domínio da empresa Aracruz Celulose.
Para Santana, a situação foi forjada pela Aracruz junto
com a força policial do estado e a empresa de segurança
privada Visel. Ele explica que a polícia levou os
indígenas à área da empresa alegando que o capitão da
Polícia Militar queria fazer uma reunião com eles.
”Quem manda prender é a Aracruz porque ela tem o domínio
econômico e interfere no Poder Judiciário, na segurança
pública e também nas prefeituras. E há uma situação de
luta destas comunidades tanto indígenas quanto
quilombolas de resgatar suas terras que foram invadidas
pela Aracruz Celulose, adquiridas de forma totalmente
irregular. Mas como ela tem este poder tanto de polícia
como de aplicar a justiça, está havendo um conflito
constante que não há como precaver aonde esta situação
vai chegar.”
A área em questão é de 11 mil hectares e está em
processo judiciário. A Aracruz e os povos indígenas
firmaram um acordo em não utilizar a terra até que o
ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, defina a
demarcação da área, o que está previsto para acontecer
em breve. A Fundação Nacional do Índio (Funai) publicou
um relatório reconhecendo a região como terra indígena,
porém a Aracruz contestou o documento. O advogado Isaias
Santana acredita que nos próximos dias os presos sejam
libertados.
Marina Mendes
Agência Notícias do Planalto
23 de agosto de 2006
Foto:
midiaindependente.org