Comissão Interamericana de Direitos Humanos da
Organização dos Estados Americanos (OEA) vai
investigar a morte de José Dutra da Costa, o
Dezinho. O trabalhador foi morto a mando de
fazendeiros em 2000, no município de Rondon do Pará
(PA). O caso até hoje continua impune. Após a
análise do caso, a OEA soltou nota em 2008
reconhecendo que há indícios de que as autoridades
brasileiras não empreenderam esforços para prevenir
e investigar o crime.
Dezinho
era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais
da cidade e denunciava práticas de trabalho escravo
e pistolagem em duas fazendas da região.
Wellington de Jesus Silva,
pistoleiro que executou o sindicalista, foi preso e
condenado, mas o mandante continua livre. Casos como
esse são repetitivos no estado. O mais exemplar foi
o assassinato da missionária estadunidense,
Dorothy Stang, ocorrido em 2005, também no Pará.
De acordo com a advogada da ONG Justiça Global,
Luciana Garcia, a impunidade do mandante é o
fator responsável pela continuidade deste tipo de
violência no estado.
“Isso é uma situação que se repete na região, não só
a questão do assassinato por meio de um pistoleiro
como intermediário e um mandante, mas também pela
perseguição a trabalhadores rurais. Em 2002 foi
assassinado o Ribamar, que era diretor do
mesmo sindicato. A esposa de Dezinho [Maria
Joel] é a atual presidente do sindicato e já foi
ameaçada de morte inúmeras vezes e tudo isso se dá
porque não há a responsabilização efetiva de quem
mandou matar.”
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) afirma que
em 2000, ano da morte de Dezinho, 21 pessoas,
entre trabalhadores e sindicalistas, foram mortos no
Brasil.
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