Federação de trabalhadores rurais comemora avanço
e
espera atuação eficaz do Governo
O novo Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho
Escravo, lançado nesta quarta-feira em Brasília, tem
como uma de suas metas combater o trabalho
degradante em usinas e plantações de cana-de-açúcar.
O
setor sucroalcooleiro, que tem concentrado o maior
número de libertações nos últimos dois anos, é alvo
de um artigo específico do documento.
O
Plano é o principal instrumento administrativo para
nortear ações do governo e da sociedade civil no
combate ao trabalho degradante. No caso da cana, o
objetivo é "apoiar e incentivar a celebração de
pactos coletivos entre as representações de
empregadores e trabalhadores". No primeiro plano, de
2003, a cana não era citada.
No
início deste ano, a Secretaria de Inspeção do
Trabalho já havia eleito os usineiros como "foco
prioritário" das blitze dos grupos móveis.
"Percebemos
que finalmente nossas lutas de base chegaram ao
conhecimento do Governo Federal, que pretende agora
observar mais de perto o que vem acontecendo nos
canaviais", comenta Rubens Germano, diretor
da Federação dos Empregados Rurais Assalariados do
Estado de São Paulo (FERAESP/CUT).
Para Germano, o sucesso do etanol e do setor
canavieiro nacional só é conseguido sob duras penas
envolvendo os trabalhadores rurais, principalmente
aos que trabalham no setor do corte de cana. "São
seres humanos trabalhadores que muitas vezes são
tratados como animais, como escravos mesmo. Estão
quase sempre a mercê da própria sorte, exercendo
suas funções sob diversas irregularidades
trabalhistas. Os sindicatos, Ministério do Trabalho
e Justiça do Trabalho já fazem sua parte, mas agora,
com o Governo dedicando especial atenção, poderemos
esperar punições significativas aos vilões dessa
história, ou seja, os usineiros, que faturam rios de
dinheiro não raramente andando em descompasso com a
Lei".
O
novo plano também terá como metas a atenção maior
aos imigrantes ilegais, a proibição de crédito entre
bancos privados para empresas que submetem seus
empregados a trabalho análogo à escravidão (hoje
apenas instituições públicas não podem emprestar
dinheiro) e o acesso de todos os libertados ao Bolsa
Família.
Do
antigo plano, 3 de cada 10 metas não foram cumpridas,
segundo Paulo Vannuchi, ministro da
Secretaria Especial de Direitos Humanos.
Melhorias para o
setor
Representantes do governo, de empresas e de
trabalhadores do ramo da cana definiram terça-feira,
em reunião no Palácio do Planalto, pauta de 18 itens
com o intuito de melhorar as condições de trabalho
do setor.
Entraram na pauta questões relativas a contratos e
jornada de trabalho, saúde, segurança, remuneração,
adequação das condições de alimentação, moradia,
transporte e qualificação dos trabalhadores.
A expectativa, segundo o secretário-executivo da
Secretaria Geral da Presidência, Antônio
Lambertucci, é que até novembro se avance nos
temas mais sensíveis.
No tocante à mecanização do setor, Lambertucci citou
que a estimativa das empresas é que apenas em São
Paulo cerca de 180 mil trabalhadores sejam
substituídos por máquinas até 2014.
I-Sindical
12
de setembro de 2008
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