O coronel uruguaio (R) Manuel Cordero, acusado de
violações aos direitos humanos em seu país e na
Argentina, durante as infames ditaduras militares que
assolaram estes dois países, foi preso na tarde desta
segunda-feira, em Sant'Ana do Livramento.
A ordem de prisão foi emitida pelo ministro Marco
Aurélio, do Supremo Tribunal Federal. Manuel
Cordero foi transportado para Porto Alegre, pela
Polícia Federal. Ele sofre prisão administrativa
decretada pelo Supremo Tribunal Federal, que deve
decidir sobre o pedido de sua extradição para a
Argentina, onde está sendo processado pelos crimes
cometidos no centro de tortura conhecido como
Automotores Orletti (em Buenos Aires). Neste centro
aconteceu um dos grandes momentos de colaboração das
forças repressivas do Cone Sul, na chamada Operação
Condor. Manuel Cordero é implicado no seqüestro e
tortura de Sara Rita Mendez e no
rapto de seu filhinho, um bebê de poucos dias.
Sara
Rita Mendez, somente há pouco tempo, foi
identificar o filho perdido o jovem Simon
Riquelo. Cordero também está implicado no
seqüestro, translado para o Uruguai, prisão,
tortura, assassinato e sumiço de María Claudia García
Irureta de Gelman. Ela era a nora do poeta
argentino Juan Gelman, que teve o filho
assassinado sob tortura em Automotores Orletti. Maria
Claudia, apesar de argentina, foi levada grávida
para o Uruguai. Ela deu à luz no cativeiro a uma
menina, e logo em seguida foi executada pelos
repressores, entre eles Manuel Cordero. Ele
também é acusado pelo assassinato político do senador
uruguaio Zelmar Michelini.
Um diplomata argentino em Brasília afirmou que o militar
será extraditado para a Argentina, onde é acusado
de cometer vários crimes. O coronel Manuel
Cordero também é acusado de haver participado do
assassinato de Hector Gutierrez Ruiz,
ex-presidente da Câmara dos Deputados do Uruguai.
O crime foi cometido em Buenos Aires. Na tarde desta
segunda-feira a vice-ministra de Relações Exteriores do
Uruguai, Belela Herrera, telefonou
a Porto Alegre, para cumprimentar Jair
Krischke, secretário
geral do
Movimento de Justiça e Direitos Humanos, pelos esforços
que desenvolveu, durante dois anos, para que Manuel
Cordero finalmente seja levado às barras dos
tribunais para responder pelos crimes contra a
humanidade que praticou.
Em Porto Alegre, Jair Krischke*
28 de fevereiro de 2007
* Secretario General del Movimento de Justiça e Direitos
Humanos