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Elegia à memória!

 

 

Governantes pretendem colocar a memória em um congelador, buscando, com isso, paralisar a acumulação de rebeldia que ela contém. Pretendem colocar limites que estabeleçam quando, quanto e como recordar.

 

A quem recordar e a quem esquecer.

 

A quem nomear e sobre quem silenciar.

 

A quais vítimas, a quais familiares a memória oficial prestará homenagens, e quem serão os esquecidos pelo sistema.

 

Convivemos com os que querem suprimir, esmagar a memória até domesticá-la, fazendo com que, junto com os desaparecidos, também desapareçam seus sonhos

 

Existem aqueles que, em seus gabinetes do poder, sequestram a memória, negociam a memória, vendendo gato por lebre e se apresentam como campeões dos direitos humanos

 

Eles sofrem de “memória seletiva”, tão seletiva que se transforma em “memória inofensiva”, “memória transgênica”, incapaz de fertilizar a terra regada com o sangue daqueles que tombaram, sem jamais transigir com o que acreditavam e pelo qual lutavam.

 

Outros colocam a memória em um vaso, para decorar suas ambições pessoais e dissimular suas sistemáticas segundas intenções.

 

Nós privilegiamos a memória que dá o nome próprio das utopias em que acreditamos e pelas quais seguimos lutando.

 

É a vida em seu cotidiano, lugar privilegiado de toda rebeldia!

 

É a vida, com a resistência, seus projetos, ações e poesias!

 

Que se levanta de todas as derrotas e que reúne todas as bandeiras, rotas e esfarrapadas por tantas e tantas batalhas.

 

Não para guardá-las em um museu de memórias imaculadas, mas para com elas retornar uma vez mais às lutas, aos combates

 

Não compactuaremos com os assassinos da memória!

Em Porto Alegre, Jair Krischke

Rel-UITA

     31 de agosto de 2011

 

 

 

 

Imagen: Elespectador.com / Agencia EFE

 

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