Cerca de 30 trabalhadores receberam este mês a segunda parcela
da indenização estabelecida em acordo homologado na Vara do
Trabalho de Alta Floresta entre Ministério Público do Trabalho (MPT)
e o proprietário de uma fazenda acusado de manter os empregados
em situação análoga a de escravos.
O valor do pagamento por danos morais individuais foi fixado em
R$ 150 mil e será dividido entre os trabalhadores, devendo ser
pago mensalmente em oito parcelas iguais. O proprietário terá
também que pagar, a título de danos morais coletivos, uma
indenização de R$ 50 mil.
De acordo com Ação Civil Pública protocolada pelo MPT, a
situação instalada na propriedade localizada no município de
Paranaíta foi a mais grave encontrada na região de Alta
Floresta. Além da acusação de manter cerca de 100 trabalhadores
expostos a jornadas de trabalho exaustivas, sem o pagamento de
custas salariais e registro na carteira de trabalho, foram
comprovadas violações ao meio ambiente de trabalho.
Conforme depoimentos de testemunhas, os trabalhadores, incluindo
jovens e crianças, eram encarregados pela aplicação de
defensivos agrícolas e venenos, sem serem orientados para o
manuseio e sem o fornecimento de equipamento de proteção. A
exposição aos agrotóxicos resultou em intoxicação e lesões
irreparáveis à saúde, como a perda parcial da visão de alguns
empregados.
Fotos incluídas no processo atestam ainda que os trabalhadores
eram alojados em instalações de higiene precária, sendo
disponibilizada para consumo apenas a água do brejo da fazenda.
Conforme o Ministério Público, a fazenda possuía a pior
qualidade de água dentre as cerca de 15 propriedades rurais
inspecionadas desde dezembro de 2006.
Foi estipulado que até 11 de dezembro as irregularidades
encontradas deverão ser sanadas, estando o proprietário da
fazenda sujeito a multa mensal de R$ 20 mil para cada item
desrespeitado.
Da quantia fixada para o pagamento de danos morais coletivos, a
juíza titular da Vara do Trabalho de Alta Floresta, Tatiana
de Oliveira Pitombo, autorizou que seja destinado R$ 25 mil
a projetos de profissionalização de jovens infratores
desenvolvidos pelo Núcleo de Atendimento Integrado de Alta
Floresta. A outra metade será utilizada na publicação de
material informativo relacionado às questões trabalhistas e na
compra de computadores para a Polícia Rodoviária Federal.
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12 de novembro de 2007