Em três fazendas, nos municípios
de Marabá e Itupiranga, a
fiscalização encontrou, no
total, 60 peões em situação
degradante de trabalho. Entre os
resgatados, quatro adolescentes
Em ação que teve início no dia
26 de abril, o grupo móvel de
fiscalização do trabalho
resgatou 60 pessoas em situação
degradante. Os trabalhadores
estavam em três fazendas
localizadas na região de Marabá
(PA). Duas delas, a
Tocantins e a São Carlos, são do
mesmo dono, Nilton
Martins da Costa. As
propriedades, dedicadas à
pecuária, somam 120 mil hectares
e ficam em Itupiranga (PA).
Segundo o coordenador da ação, o
auditor fiscal Benedito de
Lima e Silva, o
fazendeiro teria mais
propriedades de gado em outras
regiões do Pará.
Nilton
não assinava a carteira de
trabalho dos empregados em
nenhuma das duas fazendas, nem
fornecia Equipamentos de
Proteção Individual (EPI)
- o que é obrigatório por lei.
Os peões, que atuavam no roço de
pasto, preparando o terreno para
o gado, utilizavam botas que
eles mesmos tinham comprado na
cidade. A fiscalização
registrou, ao todo, 13 autos de
infração.
Os salários estavam atrasados em
20 dias, mas os trabalhadores
costumavam receber adiantamentos
para fazer compras na cidade. O
fazendeiro desembolsou no total
R$ 110.697,62 em verbas de
rescisão de contrato e
pagamentos devidos nas duas
propriedades. Além disso,
assinou um Termo de Ajustamento
de Conduta (TAC) com o
Ministério Público do Trabalho (MPT),
se comprometendo a melhorar as
condições de trabalho e a doar
uma caminhonete L-200, oito
laptops, quatro impressoras e
quatro pares de
rádio-comunicadores ao grupo
móvel.
Na São Carlos, 33 trabalhadores
foram resgatados, entre eles
quatro mulheres e dois
adolescentes de 17 anos. Todos
estavam alojados em barracos de
lona e madeira e bebiam água do
córrego que passa nas terras da
fazenda. Eles mesmos cozinhavam
suas refeições, com os alimentos
que compravam na cidade.
Na Fazenda Tocantins, a 20 km da
São Carlos, a fiscalização
encontrou 21 trabalhadores em
situação similar com relação às
condições de alojamento e
comida. Ali também havia dois
adolescentes de 17 anos
trabalhando, além de três
mulheres.
Fazendeiro preso
No dia 30 de abril, a equipe
fiscalizou a fazenda Meu Xodó, a
120 km do centro de Marabá, onde
foram resgatadas seis pessoas -
uma delas era a cozinheira do
grupo -, que também faziam o
roço do pasto. Ninguém recebia
salário desde que a chegada à
propriedade, em janeiro. Eles
tinham sido aliciados na Vila de
Santa Fé, também no município de
Marabá.
O fazendeiro Jerônimo
Aparecido de Freitas, dono
da Meu Xodó, onde estão de 800 a
mil cabeças de gado, foi preso
por porte ilegal de armas. A
fiscalização encontrou três
espingardas e um revólver, todos
sem licença. Os trabalhadores
dormiam numa casa de madeira e
utilizavam água encanada, o que
representa condições melhores do
que as das fazendas Tocantins e
São Carlos. Segundo o relato
feito aos fiscais, os empregados
costumavam comer arroz e feijão,
e eventualmente carne.
Ainda não foi determinado o
total da dívida de Jerônimo
de Freitas com os
trabalhadores. As negociações
serão encerradas entre esta
quinta-feira (3) e sexta-feira
(4).
Beatriz Camargo
Reporter Brasil
14 de maio de 2007