O Movimento
de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grade do Sul (MJDH), ao longo de
sua história, vem lutando por garantir direitos e liberdades para todos os
Homens. Durante a Ditadura Militar, auxiliou brasileiros e estrangeiros a
fugirem dos regimes autoritários.
Com o fim
da Ditadura, vem atuando na denúncia das arbitrariedades que persistem e na
defesa dos cidadãos que se percebem oprimidos. Dentre estas ações se destaca
a luta contra o neonazismo, que, no Rio Grande do Sul, ataca negros, judeus,
punks e outras minorias que não consideram “puras”.
Neste
sentido, iniciou ação judicial que resultou na condenação de
Siegfried Ellwanger,
um de seus líderes, proprietário da
Editoria Revisão,
que publicava livros negando a existência do Holocausto.
Assim como
se opõe ao estado das (boas) relações do governo brasileiro com o regime
genocida de Omar
Hasan Ahmad,
ditador no Sudão (que
extermina a população negra do sul do país desde 2003, com o resultado de,
até aqui, mais de 300 mil mortos e cerca de três milhões de refugiados na
região de Darfur)
e da China, cujas ações no Tibet significam a morte,
nos últimos 40 anos, de 1,2
milhões de pessoas e a destruição de mais de 6 mil monastérios budistas.
O MJDH
vem agora repudiar a decisão de convidar
Mahmoud Ahmadinejad,
presidente da República Islâmica do Irã, para estar no Brasil.
No Irã,
os direitos humanos não existem. Os veículos de comunicação são todos
controlados pelo Estado. Mulheres são açoitadas e execradas por mera
suspeita de adultério; homossexuais por sua opção sexual. A liberdade
religiosa tampouco existe e minorias como os muçulmanos sunitas e bahais são
perseguidas e proibidas de realizar seus cultos.
Não há real
oposição política. Os partidos laicos não existem e seus integrantes (por
exemplo, os do Partido Comunista Iraniano, que auxiliaram na
derrubada da Ditadura do Xã Reza
Pahlavi)
foram exterminados ou obrigados a viver no exílio.
Deve-se
lembrar também que, quando no primeiro semestre, o
MJDH se manifestou contra a
presença de Ahmadinejad, já se denunciava que o Irã é o segundo país que
mais aplica a pena de morte no mundo (atrás da China).
Lá, os
enforcamentos são feitos em praça pública e este foi o destino de
Delara Darabi,
uma jovem de 21
anos, aprisionada desde os 17 anos.
Ela foi assassinada a despeito dos apelos de entidades internacionais para
que a execução fosse comutada por outra pena.
Ahmadinejad
também é tristemente famoso por negar o Holocausto e suas aparições em
eventos diplomáticos são boicotadas por países democráticos. Além disso,
funcionários iranianos foram condenados, na Argentina (inclusive um
atual ministro de estado), pelo planejamento do atentado à Associação
Judaica Argentina, em Buenos Aires, em 1994.
A oposição
a Ahmadinejad
se repete em todo mundo, inclusive no Irã. Neste ano, após sua
“reeleição”, denunciada como fraudulenta, o povo iraniano foi às ruas para
protestar e acabou violentamente reprimido. A morte da jovem
Neda Soltani,
difundida pela Internet, mostrou a dimensão dessa opressão.
Assim, o
presidente
Lula da
Silva
estará recebendo
Ahmadinejad,
um fato que repudiamos, pois agride a todos que respeitam os direitos
humanos fundamentais e escarnece de um país que enviou tropas para combater
o nazismo e o totalitarismo genocida na 2ª Guerra Mundial.
A visita de
Ahmadinejad
ao Brasil é uma mancha em nossa diplomacia; ela degrada nossos ideais
de justiça e liberdade. Como brasileiros livres, denunciamos a recepção
deste tirano e esperamos que o governo brasileiro, se deseja realmente
ocupar a vaga que merecemos, no Conselho de Segurança, mostre que o país
está engajado na luta pelas liberdades, que denuncie as tiranias e nunca
receba em nosso solo assassinos.
Nós, do
Movimento de Justiça
e Direitos Humanos,
que buscamos zelar pelo primado da decência e dos valores democráticos,
declaramos, nesta data que marca a libertação de nosso povo, a oposição a
tal infeliz visita e requeremos que o
Estado brasileiro retome sua
tradição de respeito aos princípios da Declaração Universal dos Direitos
Humanos de 1948.