Os estados do Pará e Maranhão
lideram o mercado escravo no
Brasil. A afirmação foi feita
nesta segunda-feira, 27, pela
Coordenadora Nacional do Combate
ao Trabalho Escravo da Comissão
Nacional de Direitos Humanos (CNDH)
do Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), Mary
Cohen, citando dados
estatísticos levantados pelo
Ministério Público do Trabalho e
Delegacias Regionais do Trabalho.
Também presidente da Comissão de
Direitos Humanos da OAB
do Pará,ela observou que "as
propriedades e empresas
paraenses estão classificadas
como receptoras da mão-de-obra
escrava, aliciada a partir dos
municípios mais pobres do
Mara-nhão a troco de falsas
promessas". Ao participar de
seminário sobre o tema em
Marabá, nordeste do Pará, Mary
Conhen salientou que em suas
últimas atividades o grupo
envolvido na erradicação do
problema identificou novos focos
do problema, a partir de queixas
e relatos de lideranças rurais
da região sul e sudeste do Pará,
além de ter coletado dados sobre
o questão no Maranhão.
Para a advogada, o modelo
econômico adotado para a região
é uma das causas do problema,
além de ausência do Estado, que
não leva políticas públicas
efetivas à população. Mary
participou este fim de semana de
audiência realizada pela
Subcomissão de Combate ao
Trabalho Escravo do Senado,
presidida pelo senador José
Nery (PSOL-PA), na
Assembléia Legislativa do Pará,
para debater o tema. A
Subcomissão efetuou diligências
nos Estados do Maranhão e Pará,
constatando a ocorrência do
trabalho escravo.
O Pará é campeão nacional de
trabalho escravo, e, entre os
anos de 2000 e 2007, 7.247
traba-lhadores foram libertados
pelo Grupo Móvel de Combate ao
Trabalho Escravo do Ministério
do Trabalho no Estado. Combate
ao trabalho escravo – Uma
operação de combate ao trabalho
escravo que está em andamento
desde o dia 14 de agosto em
municípios do su-deste paraense,
já libertou 49 trabalhadores que
viviam em situação semelhante à
de escravidão esta semana.
Os trabalhadores foram
encontrados nas fazendas Água
Boa e Vale do Rio Preto, na zona
rural de Marabá, e na fazenda
Santa Rita, em São Domingos do
Araguaia. A operação, realizada
em parceria entre o Grupo Móvel
de Fisca-lização do Trabalho
Escravo, do Ministério do
Trabalho, e a Polícia Rodoviária
Federal, já fez 74 autos de
infração nessas fazendas. De
acordo com a Polícia, apesar da
situação análoga à de
escravidão, os trabalhadores não
estavam sendo mantidos em
cárcere privado.
Amazonia
30 de agosto 2007