Julgamento dos dois acusados de matar a missionária
norte-americana trará a Belém ativistas de defesa dos
Direitos Humanos e imprensa internacionais
O
julgamento de Raifran das Neves Sales e Clodoaldo Carlos
Batista, matadores confessos da missionária Dorothy Mae
Stang, que acontece na sexta-feira, dia 9, marca a semana
judiciária que se inicia. De considerável repercussão
nacional e internacional, o julgamento deverá atrair a Belém
um contingente significativo de ativistas dos direitos
humanos, tanto pela notoriedade da vítima, uma missionária
da congregação das Irmãs de Notredame, que tinha dupla
nacionalidade: norte-americana e brasileira, como também
pela data de realização do tribunal do júri, que se inicia
na sexta-feira, 9, véspera do Dia Internacional dos Direitos
Humanos, comemorado em 10 de dezembro.
O juiz Cláudio Augsto Montalvão das Neves, que vai presidir
o Tribunal do Júri, estima que o julgamento dos réus deverá
se prolongar por 48 horas, devendo a sentença ser proferida
na noite de sábado, 10. A mesma estimativa faz o promotor de
Justiça Édson Augusto Cardoso de Souza, que vai representar
o Ministério Público na condição de titular da ação e
sustentar o libelo acusatório contra os réus. Entretanto,
não pensam assim os advogados de defesa, a defensora pública
Marisa Cantal, que patrocina a defesa de Clodoaldo, e o
advogado Eduardo Imbiriba de Castro, que vai promover a
defesa de Raifran. Segundo eles, o júri dos acusados deverá
se prolongar por mais de três dias.
Os advogados, que pretendem sustentar a chamada tese da “vitimologia”,
vão tentar provar que a missionária, por um suposto
comportamento beligerante, teria contribuído para a própria
morte. Os advogados pretendem, com isso, desqualificar o
crime e conseguir para seus clientes o abrandamento da pena,
através da desquailificação do crime para homicídio simples.
Raifran e Clodoaldo estão denunciados nos termos do artigo
121, parágrafo 2º, incisos I e IV, que tipifica o chamado
homicídio qualificado e prevê penas privativas de liberdade
que variam de 12 a 30 anos de reclusão.
Pleno
- Na quarta-feira, 7, antes portanto do julgamento
dos matadores de Dorothy Stang, inegavelmente o fato mais
importante da semana, a sessão ordinária do Pleno do
Tribunal de Justiça do Estado (TJE) do Pará poderá reservar
algumas novidades. O presidente do TJE, desembargador Milton
Nobre já anunciou que submeterá à decisão plenária uma
minuta de resolução disciplinando os chamados feriados
forenses, perído de 29 dias ao longo do ano, nos quais o
Judiciário somente trabalhará em regime de plantão, com a
suspensão de eventuais prazos processuais que se iniciem ou
se esgotem nesses dias. O principal item dos chamados
feriados forenses é o período de final de ano, 18 dias
situados entre as datas de 20 de dezembro e 6 de janeiro,
nos quais o expediente forense estará restrito ao plantão.
Outro assunto importante que poderá ser objeto da
manifestação plenária do Tribunal de Justiça é a possível
declaração a ser feita pelo presidente do Poder, de vacância
no colegiado de desembargadores do TJE. A declaração deve-se
à aposentadoria, no sábado, 3 de dezembro, da desembargadora
Maria Helena Couceiro Simões. O acesso à vaga, que será
provida pelo critério de merecimento, dar-se- á por meio de
eleição nominal e aberta, a qual será disputada por dez
juízes, oito mulheres e dois homens, que integram o quinto
de magistrados mais antigos na capital do Estado, a chamada
terceira entrância
Jornal Oliberal
29 de dezembro de 2005
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