Brasil - Pará
|
Assassinato de líder seringueiro em Rondônia
ainda não está sendo investigado
|
|
A Polícia Civil de Rondônia ainda não começou as
investigações sobre a morte do presidente da Associação de
Seringueiros do Vale do Anari (Asva), João Batista,
assassinado em 26 de dezembro. "Estamos a 70 quilômetros de
Vale do Anari e temos só uma viatura, que está quebrada. Ela
irá para conserto em Porto Velho amanhã e deve retornar na
sexta-feira", justificou o delegado Lobo, responsável pela
delegacia de Machadinho D’Oeste, que cobre também a área de
Vale do Anari, onde ocorreu o crime.
Para a Organização dos Seringueiros de Rondônia (OSR), que
reúne dez associações extrativistas do estado, o crime foi
político. "O Batista era uma grande liderança, que prestava
serviço à comunidade e estava trabalhando na liberação do
plano de manejo da reserva extrativista do Acariquara",
contou Geraldo Menezes, vice-presidente da OSR e
secretário-geral do Conselho Nacional de Seringueiros (CNS).
"A reserva é rica em madeira de lei nobre, cedro e ipê. A
terra é muito fértil e há presença de minérios, como o
manganês. O Batista vinha denunciando a invasão de
grileiros, o roubo de madeiras e as tentativas de
mineração", completou.
Segundo o presidente da Associação de Moradores da Reserva
Extrativista Rio Preto Jacundá (Asmorex), Antônio Teixeira,
fazia tempo que Batista estava amedrontado. Ele disse ainda
que vizinhos de Batista ouviram disparo de tiros por volta
das 22 horas do dia 26 – e, no dia seguinte, encontraram o
seringueiro morto em sua casa, só de cuecas. "Quem o matou
devia ser conhecido dele. Além dos garimpeiros, madeireiros
e grileiros, o Batista tinha conflitos com a própria
família", avaliou Teixeira. "Ainda que o crime não tenha
sido político, ele nos deixa com medo, porque é mais um para
a lista dos casos impunes".
A Reserva Extrativista (Resex) do Acariquara é uma unidade
de conservação estadual, criada em 1995. Nela vivem cerca de
47 famílias, em uma área de pouco mais de 10 mil hectares,
no município de Vale do Anari (RO). Batista trabalhava na
reserva, mas morava em uma área de regularização fundiária
do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra), conhecida como Linha de Escoamento 74.
De acordo com Menezes, há cerca de três meses outro
seringueiro da região foi assassinado, dentro da reserva.
"Os grileiros tentaram comprar a terra do Carlos Góes, que
morava há mais de 25 anos na área. Ele não vendeu. Pouco
tempo depois foi morto a facadas e incendiado junto com seu
barraco", lembrou. "Até agora as investigações não
avançaram", completou Menezes. O delegado Lobo declarou à
Radiobrás que não lembrava detalhes desse crime e pediu mais
tempo para pesquisá-los.
"A culpa por todas essas mortes é do governo estadual, que
não tem interesse nas reservas extrativistas e só se
preocupa com o agronegócio", acusou Menezes. "Essa acusação
é um absurdo. O governo de Rondônia, como em qualquer outro
estado do país, tem dificuldades com a segurança. Nossa área
é muito grande e a infra-estrutura é precária. Fazemos o que
podemos, dentro das nossas condições, mas não somos
omissos", defendeu o diretor de comunicação do governo,
Sérgio Pires.
Uma mensagem da OSR enviada à lista de discussão da Rede
Grupo de Trabalho Amazônico (Rede GTA) – que reúne mais de
600 associações e sindicatos da Amazônia – informava que em
setembro Batista esteve em Brasília, onde se reuniu com a
ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. "A comitiva
entregou documentos que denunciavam a violência e a
impunidade dos crimes em Rondônia. Também pediu apoio do
governo federal para as reservas extrativistas estaduais,
que estão abandonadas", detalhou Teixeira, que também
participou do encontro.
Thaís
Brianezi
4 de enero
de 2006
Fonte:
www.amazonia.org.br
Volver
a Portada
|
UITA - Secretaría Regional
Latinoamericana - Montevideo - Uruguay
Wilson
Ferreira Aldunate 1229 / 201 - Tel. (598 2) 900 7473 - 902 1048 -
Fax 903 0905
|