Brasil

Nota da CONTAG ao Ministro

de Estado da Justiça

 

 

 

Ao Senhor

Doutor Márcio Thomaz Bastos

Ministro de Estado da Justiça

Brasília – DF

 

Senhor Ministro:

 

A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG e as Federações Estaduais de Trabalhadores na Agricultura – FETAGs, especialmente as de Mato Grosso, Pará e Pernambuco, presentes nesta audiência vêm, mais uma vez, reivindicar a Vossa Excelência sejam tomadas urgentes e efetivas providências para coibir e impedir a continuidade da violência na área rural, expressada principalmente nos assassinatos, despejos e listas de marcados para morrer, algo absurdo e inaceitável no estado democrático de direito.

A violência contra trabalhadores e trabalhadoras rurais se mantém em todo o Brasil. Dependendo da conjuntura e das realidades regionais ela assume dimensões e características específicas, tendendo a agravar cada vez mais o quadro de violação dos direitos humanos e de impunidade no campo. Esta violência atinge, especialmente, as lideranças rurais que lutam pela realização da Reforma Agrária e pela garantia de vida e trabalho no campo, por melhores salários, pelo reconhecimento de direitos trabalhistas e previdenciários e outros direitos básicos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.

A fonte desta violência é facilmente detectada: o latifúndio e os “empresários rurais” e madeireiros que exploram os trabalhadores e trabalhadoras rurais até a última gota, valendo-se, inclusive do trabalho escravo, aliados com aqueles que avançam, a qualquer custo, sobre as áreas de exploração agropecuária para a produção de monoculturas para exportação ou para manutenção de terras sub-aproveitadas ou sem aproveitamento para a especulação imobiliária.

O Estado brasileiro tem uma dívida com a população camponesa, que precisa ser urgentemente sanada, trazendo tranqüilidade, dignidade e qualidade de vida para os trabalhadores e trabalhadoras rurais. Mas a realidade é de que as autoridades estaduais e municipais, além de setores do Poder Judiciário, na maior parte das vezes, são coniventes com aqueles que violam os direitos e assassinam os trabalhadores e trabalhadoras rurais, fazendo necessário que o governo federal intervenha para coibir a violência e dar um basta na rotina de impunidade que tem caracterizado esses casos.

Assim, solicitamos a Vossa Excelência seja construída uma intervenção estrategicamente articulada e permanente para o combate à violência no campo, adotando-se,dentre outras, as seguintes providências:

 

a) Criação de um Órgão Nacional no âmbito da Polícia Federal (Delegacia Agrária Nacional) para intervenção nas situações de violência no campo, a exemplo do Grupo Móvel do MTE de combate ao trabalho escravo.

b) A intervenção da Polícia Federal para assegurar, de forma emergencial, o cumprimento dos mandados de prisão contra os mandantes e articuladores dos crimes que vitimaram trabalhadores e trabalhadoras rurais.

c) Reunião com os presidentes dos Tribunais superiores, para discutir procedimentos unificados nacionalmente para os casos de conflitos coletivos e uma estratégia visando acelerar o julgamento dos processos de desapropriações.

d) Intermediação junto aos órgãos do Poder Judiciário e dos governos estaduais para impedir os despejos contra os trabalhadores e trabalhadoras rurais.

e) Criação de 01 Grupo de Trabalho, no âmbito do Ministério da Justiça, envolvendo os vários órgãos do governo e do judiciário relacionados com a questão e a CONTAG, para discutir a situação dos Estados de Mato Grosso e Pará e a situação de violência provocada pela ação do Narcotráfico, no Estado de Pernambuco.

 

Esclarecemos que no documento anexo, informamos sobre os casos mais recentes, que confirmam a necessidade de uma ação urgente e articulada nacionalmente. Assim, confiamos no compromisso de Vossa Excelência com a construção de condições dignas de vida e trabalho no campo, com a resolução desta situação de violência, impunidade e de violação dos direitos básicos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.

 

Atenciosamente,

 

 

 

MANOEL JOSE DOS SANTOS           DAVID WILKERSON R. DA SILVA

              Presidente                                         Secretário Geral

  

 

PAULO DE TARSO CARALLO

Secretário de Políticas Agrárias

 

 

 

 

 

 

 

A fonte desta violência é facilmente detectada: o latifúndio e os “empresários rurais” e madeireiros que exploram os trabalhadores e trabalhadoras rurais até a última gota, valendo-se, inclusive do trabalho escravo.

 

 

 

 

 

 

 

 

O Estado brasileiro tem uma dívida com a população camponesa, que precisa ser urgentemente sanada, trazendo tranqüilidade, dignidade e qualidade de vida para os trabalhadores e trabalhadoras rurais. Solicitamos seja construída uma intervenção estrategicamente articulada e permanente para o combate à violência no campo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

29 de noviembre de 2005

 

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