Um dos executores do assassinato da missionária Dorothy Stang, ocorrido em
fevereiro de 2005, no Pará, será julgado pela segunda vez no dia 14 de
agosto. A Justiça já havia condenado Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, que
é réu confesso, a 27 anos de prisão em dezembro do ano passado. A defensora
pública do caso, Marilda Cantil, no entanto, pediu um novo júri popular para
ele baseada em lei que se aplica às penas acima de 20 anos.
Para Roseleine Conceição da Silva, que é advogada da Comissão Pastoral da
Terra (CPT) no Pará, o novo julgamento não deve modificar a pena de Fogoió.
“É provável que no dia 14 [de agosto], uma vez interrogado, seja pelo juíz,
pelo Ministério Público ou pela defesa, o Rayfran [das Neves Sales] venha
com uma nova versão sobre os fatos. Mas a gente não acredita que este novo
júri possibilite diminuição de pena e que ele pegue menos do que 25 anos [de
prisão]. Não temos perspectiva nenhuma de mudança da sentença. Acreditamos
que isso seja apenas um cumprimento daquilo que está na lei”.
Segundo a advogada, um novo julgamento como esse não deve acontecer com
Clodoaldo Batista, o segundo executor do crime, condenado a 17 anos de
prisão.
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu um "habeas corpus"
ao fazendeiro acusado de ser um dos mandantes do assassinato da missionária,
Regivaldo Pereira Galvão. O outro mandante do assassinato de Dorohty, o
fazendeiro Amair Feijoli da Cunha, foi condenado a 18 anos de prisão, após
confessar ter encomendado a morte da missionária. Segundo a CPT, a disputa
por terras na região motivou o crime, já que a irmã Dorothy atuava há 30
anos em assentamentos de trabalhares rurais da região Amazônica.
Clara Meireles
Agência Notícias do Planalto
7 de julho de 2006