Vergonha: Segundo a OIT há 30 mil trabalhadores em
situação de escravidão no Brasil. Desses, 70% estão no Sul e
Sudeste paraenses
Na tarde de
ontem (11.05), uma operação envolvendo vinte agentes da
Delegacia Regional do Trabalho (DRT), Polícia Federal,
Polícia Rodoviária Federal e Ministério Público, resgatou 40
trabalhadores que viviam em regime de escravidão. A operação
aconteceu na Fazenda
Mundo Verde, localizada a 92 quilômetros do
município de Tomé Açú. De acordo com o auditor da DRT,
Raimundo Barbosa da Silva, eles foram encontrados em
condições precárias, vivendo em barracões de lona, com pouca
comida e endividados. "Eles
não recebiam nenhum dinheiro há quatro meses e três
trabalhadores estavam ameaçados de morte. Sendo que um deles
sofreu um atentado e não foi baleado por pouco",
conta Silva.
Durante o resgate foram apeendidos seis rifles calibre 22 e
um revólver calibre 38. Três funcionários da fazenda foram
presos. São eles: Osmali Pantoja dos Santos, Lourival
Almeida e José Raimundo dos Santos, conhecido como "Zezão".
A propriedade, de grande porte, pertence a Armando Pereira
de Carvalho dos Santos que, de acordo com o auditor da DRT,
também é dono de frigoríficos na região de Catanhal e Marabá.
Os trabalhadores - em sua maioria vindos do Maranhão e Piauí
- se encontram alojados no Fórum de Tomé Açú aguardando uma
indenização de R$ 140 mil. Segundo Raimundo Silva, o valor
já foi negociado com o proprietário, porém ele ainda deverá
responder pelos crimes cometidos.
Campeão
Há dez dias, a DRT deu início às investigações que
culminaram na operação de resgate e pretendem finalizá-la
até sábado, transferindo todas as pessoas aos seus estados
de origem. Segundo o auditor, a operação também prevê que os
seus direitos trabalhistas estejam garantidos. "Além da
indenização, eles terão a carteira assinada e vão receber o
seguro desemprego", afirma.
Os dados do último
relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
apontam o Pará como campeão nacional de trabalho escravo.
Estima-se que existam hoje no Brasil cerca de 30 mil
trabalhadores submetidos a um regime de escravidão. Destes,
70% estariam concentrados, particularmente, em São Félix do
Xingu e Santana do Araguaia, mas também em outros municípios
do
sul e sudeste do Estado do
Pará.
O trabalho escravo contemporâneo pode ser caracterizado como
aquele em que o empregador sujeita o empregado a condições
análogas de trabalhos degradantes, isto é, escravidão.
Impede que ele se desvincule do seu "contrato" e impõe uma
penalidade caso esse trabalho não seja feito.
Priscilla Amaral
Tomado de www.diariodopara.com.br
17 de mayo
de 2006
Volver
a Portada