Os madeireiros
Sírio da Silveira Ferraz e Dirceu Moreira dos Santos,
acusados de invasão e grilagem de terras públicas em Monte
Alegre, no oeste do Pará, mandaram um aviso para as
autoridades fundiárias do Estado ontem: não pretendem sair
das áreas que ocupam e prometem reagir a qualquer tentativa
para retirá-los.
Pistoleiros armados montaram barreiras na mata para impedir
a chegada de estranhos ao local onde a madeira foi
armazenada. Técnicos do governo que estiveram na região
ficaram impressionados com a ousadia dos grileiros e a
devastação que eles já provocaram.
Para derrubar a floresta, os invasores abriram 170
quilômetros de estradas clandestinas, aterrando lagos e
igarapés. Desmataram o que puderam, queimando o que sobrou
para transformar tudo em campos de soja. Em Monte Alegre,
município do tamanho do Estado de Sergipe, um terço do
território (700 mil hectares) está hoje em poder de
invasores.
FORÇA-TAREFA
As terras invadidas estão localizadas em áreas de proteção
especial do Estado, segundo decreto sancionado em agosto do
ano passado pelo governador Simão Jatene. O diretor de fauna
e flora da Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e
Meio Ambiente (Sectam), Lahire Dillon Figueiredo Filho,
disse que Sirio Ferraz, Dirceu dos Santos e outros grandes
grileiros terão de sair de qualquer maneira das terras,
porque elas fazem parte do projeto de macrozoneamento
ecológico-econômico do governo estadual.
Figueiredo Filho anunciou que uma força-tarefa, com apoio
das Polícias Civil e Militar, terá de ir ao local “com
urgência” para retirar os invasores. “Quanto mais o tempo
passar maiores serão os prejuízos causados à natureza”,
comentou Figueiredo Filho. Antes da operação, porém, o
governo deverá ingressar na Justiça com liminar de
reintegração de posse.
Sírio Ferraz nega que seja grileiro e se diz “dono” de mais
de 30 mil hectares somente na região conhecida por Serra
Azul. Seus familiares, amigos, fazendeiros e madeireiros do
Paraná e Mato Grosso seriam proprietários de outros 300 mil
hectares em Monte Alegre.
(AE)
Diário do Pará
3 de marzo de 2006
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