Mais de três mil
trabalhadores (as) rurais fecharam na manhã desta
quinta-feira (26/5) a estrada de ferro da empresa de
mineração Vale. O ato foi em protesto aos conflitos
agrários na região de Ipixuna que culminaram
recentemente no assassinato do casal de agricultores
agroextrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva (Zé
Cláudio) e Maria do Espírito Santo Silva.
O velório dos dois ocorreu nesta quinta, em Marabá e reuniu
mais de duas mil pessoas. “Nosso ato é de indignação
e luto, além da denúncia das condições em que vivem
os agricultores nessa região”, ressalta o secretário
de Formação e Organização Sindical da FETAGRI/PA,
Francisco de Assis Solidade da Costa.
Segundo ele, o movimento sindical do campo na região está em
busca de uma audiência com os governos estadual e
federal na tentativa de reivindicar políticas
públicas e, acima de tudo, segurança aos
trabalhadores (as) rurais e assentados.
Desde ontem, trabalhadores rurais ligados a outros movimentos
sociais ocupam o prédio do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em
Marabá, na tentativa de serem atendidos.
“Temos mais de 25 mil famílias acampadas a espera de uma
resposta do governo há cinco anos. Na região sul do
Pará são cerca de 500 acampamentos que precisam de
todo tipo infraestrutura”, completou.
Denúncias como a presença de madeireiros em áreas de proteção,
ameaças de morte, grilagem e outros problemas na
região também serão foco da audiência com o governo.
A CONTAG reitera o repúdio a qualquer manifestação que
viole os direitos dos trabalhadores (as) rurais e
assentados da Reforma Agrária e, em cooperação com a
FETGRI-PA, também está se mobilizando pela
causa.
Para isso, exige que o governo federal enxergue com mais
atenção a questão da violência no campo e que o
governo do Pará implemente uma política de Estado
eficaz, tendo em vista que a região historicamente é
foco de conflitos desta natureza.
Mortes
Pais de dois filhos, José Cláudio Ribeiro da Silva e
Maria do Espírito Santo Silva eram lideranças
sindicais. Eles foram assassinados em uma emboscada
quando se deslocavam para Nova Ipixuna a 50 km de
Marabá. Foram mortos por defenderem a floresta e a
reforma agrária, denunciando a ação de fazendeiros e
madeireiros da região.
Zé Cláudio
e sua esposa Maria eram ex-presidentes da
Associação do Projeto de Assentamento
Agroextrativista Praialta Piranheira, de Nova
Ipixuna, criado em 1997.
Mesmo fazendo parte
da lista dos marcados para morrer no Pará, nada foi
feito para defender a vida do companheiro e da sua
esposa,
que vivam do extrativismo através da produção de
perfumes, sabonetes, cremes, extração de óleo da
andiroba, cupuaçu, castanha entre outros.
Lutavam contra as madeireiras que atuavam na região, e foram
constantemente ameaçados de morte.
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